Loja

Idiomas Fictícios: por trás de algumas línguas famosas da cultura pop.

Idiomas fictícios, línguas artificiais ou artísticas. Independente do nome ou propósito, é divertido observar as criações de linguagem que fazemos por aí. Curioso pra descobrir como esses idiomas são criados? Tem história e tem listinha, só vem!


• 7 mins de leitura
Idiomas Fictícios: por trás de algumas línguas famosas da cultura pop.

Athchomar chomakea! Traduzindo do Dothraki, saudações a todos!


Idiomas fictícios, línguas artificiais ou artísticas. Independente do nome ou propósito, é divertido observar as criações de linguagem que fazemos por aí. Desde a língua do P, até idiomas super complexos como o élfico. Curioso pra descobrir como esses idiomas são criados? Tem história e tem listinha, só vem!


A criação de idiomas fictícios é mais comum do que imaginamos, eles são recorrentes principalmente em obras de fantasia. Há quem se pergunte se existe mesmo a necessidade de criar toda uma linguagem para trazer veracidade a uma história, bom, simbora refletir um pouco: a linguagem é uma característica muito importante e marcante em um povo. E como muitas vezes a fantasia nos apresenta culturas inteiramente novas e diversas, a língua ajuda não só na veracidade, como na diferenciação dos povos e costumes envolvidos.

Sabemos que em muitos momentos ela também se torna um elemento fundamental da narrativa: traduções, negociações, mapas, enfim, dezenas de elementos que se tornam muito mais interessantes criativamente quando pensamos que existe um idioma muito bem construído por trás daquilo ali; um que realmente significa algo e poderia até ser usado no dia a dia.

Mas afinal, como se cria um idioma novo? Bom, sem Torres de Babel, a princípio. Historicamente temos muitas linguagens complexas totalmente delineadas individualmente, isto é, um único sujeito criando uma língua inteira. Vale lembrar que isso inclui desenho de caracteres, fonemas e toda a gramática. Pensa na trabalheira!
O que geralmente acontece é que o estudo por trás da criação de um idioma artificial envolve pesquisas rigorosas, escolha de influências culturais e claro, muita criatividade. A coisa é tão séria que hoje em dia existem dezenas de institutos que são criados pra isso e equipes de linguistas que estudam exclusivamente técnicas de criação de linguagem. Pra citar alguns, temos a Sociedade da Criação da Língua, The Language Lab e por aí vai. Ah e claro, tem sites e fóruns de discussão e co-criação de idiomas muito populares, como Zompist.com e Langmaker.

Sim, a coisa é toda muito séria e envolve muita gente. Por isso, quando você vê Daenerys Targaryen papeando com seu exército de Imaculados, Emilia Clarke não está só balbuciando algumas sílabas soltas, são sentenças reais e com significado que fazem parte do texto como qualquer linha em inglês.
Agora, partiu analisar de leve o desenvolvimento de alguns idiomas fictícios famosos?

Game Of Languages. Dracarys!

George Martin já tinha alguns termos em línguas diferentes em suas obras, mas eram apenas palavras características e soltas nos textos. No papel, de fato, os idiomas não existiam; tudo era escrito em inglês, mas na série isso tiraria um pouco da realidade em algumas cenas. Logo, os produtores da série se depararam com ninguém menos do que David Peterson, o linguista que é co-fundador da Sociedade de Criações de Linguagens (Language Creation Society) e ele foi designado para criar a primeira língua artificial da série: o Dothraki!

O cara mandou excepcionalmente bem, fez um estudo aprofundado da cultura do povo dos cavalos, compreendendo o que Martin tinha sobre a antropologia daquelas pessoas. Pra que você consiga ter uma ideia, o dothraki tem um vocabulário composto por mais de 3000 palavras, lembrando que eles não são um povo que faz uso da escrita.
Levando ainda em consideração o comportamento do povo, existem dezenas de palavras diferentes para “cavalo” em dothraki, mas como o próprio poliglota Sor Jorah Mormont nos conta na primeira temporada, nem uma sequer para “obrigado.”

Não podemos esquecer do idioma-mãe dos grandes conquistadores Targaryen: o valiriano! Valíria era o império de poder em Essos, tipo a Roma Antiga, então grande parte das Cidades Livres herdaram a cultura dessa grande potência. Com a queda de Valíria, a língua acabou morrendo, contudo não deixou de ser influente culturalmente. O Alto Valiriano é a língua mãe de outras línguas derivadas faladas em Braavos, Volantis, Pentos e outras cidades. Há também o que chamam informalmente de Baixo Valiriano, línguas derivadas do Alto Valiriano e que se espalharam pelo mundo. Perceba um paralelo interessante com o latim, língua morta que também faz parte da construção de centenas de idiomas do mundo todo.

Peterson também é a mente por trás do Alto Valiriano, ainda mais complexo que o Dothraki em alguns aspectos, o idioma conta com mais de 5000 palavras. O curioso é que os substantivos são classificados lunares, solares, aquáticos ou terrestres, e o valiriano soa muito classudo aos ouvidos. O próprio criador já afirmou que é uma língua muito elegante de ser falar, Daenerys que o diga!

Existem outras línguas em Game Of Thrones que ainda não foram exploradas, como o Lhazar, a língua de Qarth (que fica longe de Valíria e não teve influência direta), Asshai’i, Skroth (língua dos white walkers), a língua comum dos Ândalos e a linguagem antiga dos Primeiros Homens.

Bem vindo à diversa Terra Média.

“Ennin Durin aran Moria. Pedo mellon a minno.”
“As Portas de Durin, rei de Moria. Fale, amigo, e entre.”


Quando a gente acha que não vai se surpreender mais… Lembra quando eu disse que muitas vezes algumas linguagens são escritas individualmente? Pois é, nosso querido e genial Tolkien que era fluente em 12 idiomas, e ainda criou ele mesmo, solitariamente, mais alguns dos idiomas mais famosos ever: os da Terra Média.

O famoso Quenya, também conhecido como élfico antigo, que teve como base o finlandês, foi construído cuidadosamente: cada letra do alfabeto desenhado à mão, além de explicações detalhadas de sons e junções de vogais. Deu pra se impressionar? Bom, ainda temos o Sindarin, que é a língua élfica mais comum na Terra Média e que foi criada por Tolkien enquanto ele estudava na King Edward’s School, em Birmigham e foi a base de outros idiomas para suas histórias.

O alfabeto Tengwar foi cuidadosamente desenhado, ficou absurdamente famoso e hoje é campeão em tatuagens mundo a fora. Bilbo talvez tenha curtido isso.
Essas línguas são as mais difundidas do universo de Tolkien, mas vasculhando a internet achei por aí (site Ardalambion) que na verdade o cara criou mais de 15 idiomas diferentes. Dentre eles, a língua dos anões, dos orcs e por aí vai.


É sensacional ver Gandalf na cena do portal de Moria, um mago poliglota sendo enganado por um truque de obviedade da linguagem. É aquele “detalhe” que mostra que os idiomas fictícios são sim um enorme investimento artístico nas obras que acompanhamos. Amém, Tolkien!

Precisamos falar sobre o Klingon.

Vida longa e próspera!

Star Trek já tem aí seus 50 anos e ainda vemos Sheldon Cooper discursar em klingon no casamento de seu melhor amigo. Mais uma linguagem criada especialmente para uma saga de ficção.

Lá em 1979, o ator James Doohan, que vivia o Scotty em Star Trek, improvisou algumas palavrinhas na hora de falar em Klingon e acabou inventando uma ou outra coisa. Mas foi o linguista Marc Okrand que recebeu a honrosa tarefa de criar do zero o idioma do povo vulcano. Eles perceberam que daria o tom que buscavam se algumas cenas fossem faladas em idioma extraterrestre, então Marc foi lá e ajudou Leonard Nimoy, o nosso eterno Spock a falar como os vulcanos. Bem, o resto vocês já sabem.

O linguista conta que o desafio foi criar um idioma completamente diferente de qualquer linguagem humana, se você já viu Star Trek, deve ter notado. Mas claro que não poderiam ser apenas sons aleatórios, como vimos antes, são textos reais que os atores decoram em uma linguagem artificial, mas altamente real.

Na década de 1980, o primeiro dicionário Klingon foi publicado e, claro, a febre estava lançada. Amigos, hoje existe um Instituto da língua Klingon, o The Klingon Language Institute que se dedica a traduzir obras famosas para a linguagem e popularizar ainda mais o idioma fictício. Há também muitos cursos sérios para aprender a linguagem por aí, além de centenas de referências espalhadas pela cultura geek. The Big Bang Theory é uma série que utiliza muito das referências de Star Trek, especialmente o klingon.

Outros idiomas bacanas

Tem outras dezenas (talvez, centenas ou milhares?) de línguas fictícias presentes na literatura, cinema e mais diversas obras artísticas. Alguns exemplos rápidos pra refrescar sua memória:

– O Nadsat, diretamente de Laranja Mecânica. Não é um idioma completo, mas mistura um pouco de russo com cockney, que é uma língua regional inglesa e resultado é surpreendente.

Na’vi que é o idioma dos alienígenas do filme Avatar. O linguista Paul Frommer foi responsável pela criação do idioma, que tem dicionário online gratuito e tudo o mais.

Novilíngua é a linguagem do livro 1984, obra prima distópica de George Orwell. A peculiaridade desse idioma é que ele é um “inglês encolhido”, isto é, algumas palavras indesejadas do regime totalitário da história foram cortadas do idioma, tudo estudado de forma muito psicológica. O próprio Orwell esclarece na obra que, quando não conseguimos pensar em uma forma de comunicar uma ideia, bem não vamos ficar pensando nela. Simplesmente genial!

Olha, deu canseira! E olha que esses são só os idiomas fictícios mais famosos e que a gente consegue encontrar informação facilmente. Mas acho que deu pra entender a complexidade e importância desse recurso para a construção das narrativas que a gente acompanha, né? A seriedade das pessoas envolvidas e o tamanho do investimento intelectual e financeiro que envolve esse pedaço da trama que às vezes a gente não para muito pra analisar.

Lembra de cenas importantes que tiveram tudo a ver com idiomas? Sem spoilers, mas muitas vezes a diferença de linguagem foi fundamental em tramas e responsável por grandes viradas, guerras e sucessos. Fora que dá vontade de aprender a falar, né?
Eu particularmente acho o élfico impressionante, e você? Tem alguma língua que eu não citei e você acha incrível? Compartilha aí nos comentários 😀


Então é isso pessoal, me despeço em Alto Valiriano haha Geros ilas!

*Fontes:

http://www.megacurioso.com.brhttp://super.abril.com.br/bloghttp://revistagalileu.globo.com/http://mundodelivros.com/linguas/- https://pt.babbel.com/pt/


Tags

cultura pop, geek, idiomas fictícios