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O (in)explicável hype de La Casa de Papel


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O (in)explicável hype de La Casa de Papel

Um assalto monumental, brilhantemente planejado por um desconhecido e inacreditavelmente… possível? Esse breve resumo poderia se aplicar a diversas obras que já são nossas velhas conhecidas, certo? Incluindo La Casa de Papel. Mas então por que a série fez esse sucesso todo?

Por causa dos detalhes, jovens. Vamos esquadrinhar a série que mais deu o que falar nesses últimos tempos? E pra te motivar: não tem spoiler!

El guión

Quando o piloto da série já te entrega tanto fica fácil continuar e é o que acontece com La Casa de Papel. Álex Pina já te coloca no meio do assalto no primeiro episódio e isso por si só já instiga uma maratona.

Onze dias trancados no prédio imprimindo seu próprio dinheiro, sessenta e sete reféns, máscaras de Salvador Dalí, polícia e imprensa. Como diria o Professor, não é um roubo se o dinheiro não pertence a ninguém.

Somos apresentados a nossos oito (nove) companheiros paulatinamente através da artimanha dos flashbacks e não daqueles que fazem a gente se perguntar quando foi aquilo, mas pedaços do planejamento do plano que explicam boa parte do comportamento de nossos ladrões preferidos no presente. Várias pequenas brechas deixadas são logo respondidas no passado ou no presente, criando um roteiro nada monótono – apesar de se passar dentro da Casa da Moeda durante grande parte do tempo.

A trama nos leva em diversos momentos a encruzilhadas onde a saída parece impossível, mas então o Professor vai e encontra um jeito impensado de dar a volta por cima. Constantemente encurralado pela inspetora Raquel, a mente por trás do assalto do século consegue se virar; sempre com um misto de sorte, inteligência e coragem. Por mais que algumas vezes tenhamos a impressão de que a série nos conduz a alguns caminhos previsíveis, os* plot twists* são sempre agradáveis e nos dão vontade de xingar.

Claro que brindamos à melhor sacada: misturar assaltantes e reféns com as mesmas roupas e as icônicas máscaras de Dalí.

Los personages

Sabe quando a série consegue te apresentar personagens complexos o suficiente pra gente não rotular? Nem bom, nem mau. Nada de herois e vilões.

Essas nuances de personalidade, histórias de vida e pequenas atitudes nos fazem até torcer para nossos queridos ladrões com codinomes de cidades.

Professor, o gênio por trás da coisa toda, parece ter um back story complexo que envolve sanidade e família. Destaque para Álvaro Morte com uma atuação impecável em todas as situações, especialmente a icônica cena do mendigo (!!).

Tóquio narra os acontecimentos da série e nos envolve em sua visão, mais uma personagem cheia de facetas que nos toca e provoca raiva na mesma medida.

Nairóbi é sem dúvida a mais carismática do grupo, se tornando rapidamente alguém praticamente impossível de odiar.

Berlim é o capitão do assalto, o escolhido do Professor. Talvez seja quem tem o lado vilanesco mais caricato de todos, mas não deixamos de apreciar suas atitudes inescrupulosas e liderança em meio ao caos.

Denver e Moscou tocam nosso lado família. Filho e pai em um assalto dessas proporções. Moscou, que apesar dos pesares, tem uma personalidade doce e funciona mesmo como um paizão. E Denver, imprudente e ameaçador, escondendo o bom coração.

Rio é o xodó! O mais novo da turma, hacker e inocente; certamente o menos perigoso e com estigma de fofo.

A dupla Helsinque e Oslo, russos e misteriosos. Helsinque muitas vezes é um alívio cômico em contraste com seu porte e postura.

Do outro lado também temos alguns destaques,especialmente los renes (reféns). Alison Parker é a refém-chave, filha do embaixador britânico na Espanha. Personalidade forte, rebelde e cheia de problemas familiares.

Arturo é o diretor da Casa da Moeda e personagem mais** impopular** ever. O cara tem um caso extraconjugal, além de ser um chato. Mas vale lembrar que obstinado como ninguém pra fugir do cativeiro.

Temos Mônica Gaztambide, a refém que arrisca a pele até o limite e ~maybe spoiler alert~ desenvolve a famosa Síndrome de Estocolmo. História que não é explicada de forma superficial, pelo contrário, ilustra como nosso psicológico pode ser afetado pelo ambiente de cárcere e o tratamento recebido do captor.

A rainha da porr@ toda, inspetora Raquel Murillo! Uma personagem fortíssima, inteligente, líder e encarregada do caso. Raquel tem um dos mais admiráveis conjuntos de características e podemos acompanhar seus anseios, erros e acertos. Palmas para a atuação de Itziar Ituño.

El secreto

Se você ainda não pescou porque a série foi tão aclamada especialmente em terras verde e amarelas, acrescento mais!

A fotografia foi feita com extremo carinho, a série é visualmente muito bonita com seus tons quentes e às vezes frios e tomadas inteligentes.

A trilha sonora é muito interessante, tem raps e músicas sempre pulsantes. Sem falar da clássica Bella Ciao, quase um personagem na trama.

Justamente por misturar o óbvio e os plot twists com carisma, humor e a complexidade que uma série de crime pede, La Casa de Papel vale a pena. Você se identifica com um grupo de ladrões e até torce por eles. Em tempos de mesmice, um seriado pra você sentar e apreciar na boa.

Já comprou sua máscara de Dalí pro carnaval? E nossa camiseta La Casa de Papel bem aqui?


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la casa de papel, séries, séries de tv