Belchior Tinha Razão
Antonio Carlos Belchior, nasceu em Sobral, interior do Ceará, em 26 de outubro de 1946. Durante a infância, Belchior foi cantador de feira e poeta repentista, época em que também estudava música coral e piano. Seu pai, Otávio Belchior, era juiz e delegado, cidadão respeitado na cidade. Sua mãe, Dolores, era cantora no coral da igreja.
Antes de adentrar pela história de Belchior, solta o som nesta playlist pra acompanhar a leitura ;)
Cresceu influenciado por cantores que ouvia no rádio, como Cauby Peixoto, Ângela Maria e Nora Ney. Chegou inclusive a ser programador de rádio em sua terra natal, veja só. Em 1962, foi morar em Fortaleza, onde estudou Filosofia e terminou seus estudos. Em seguida, Belchior vivenciou um período numa comunidade com frades italianos num mosteiro na cidadezinha de Guaramiranga, onde aprimorou seu latim, italiano e canto gregoriano. Depois, regressou a Fortaleza, onde cursou medicina até o quarto ano.
Largou a faculdade de ciências médicas para seguir carreira artística. Belchior juntou-se a um grupo de jovens compositores formado por Fagner, Ednardo, entre outros, que viria a ficar conhecido como "o Pessoal do Ceará". Entre o final dos anos 60 e início dos 70, apresentou-se em festivais de música no Nordeste. Em 71, quando se mudou para o Rio de Janeiro, a coisa mudou de figura. Belchior venceu o IV Festival Universitário da MPB, com a música "Na Hora do Almoço".
Em 72 migrou para São Paulo, onde compôs para filmes curta-metragem. No mesmo ano, Elis Regina gravou sua composição "Mucuripe". O primeiro LP de Belchior foi gravado em 1974. Dois anos depois, veio aquele que mudaria para sempre sua história: "Alucinação" consolidou sua carreira, com sucessos como "Velha Roupa Colorida" e "Como Nossos Pais", além de "Apenas um Rapaz Latino-Americano". O disco vendeu 30 mil cópias em apenas um mês e o resto é história em prosa, verso e canção!
Belchior foi um dos artistas mais revolucionários da história da MPB. Dono de uma voz peculiar e letras impecáveis, emplacou uma fila de clássicos na ponta da língua do povo brasileiro. Sede pela vida, força crítica e intensidade, adornadas por um dos bigodes mais emblemáticos e imitados do Brasil.
Se por um lado deixou um vazio danado por aqui com sua partida, este é um vazio sem silêncio. Entre o passado e a felicidade, toda a ironia desse rapaz latino-americano ecoa e continuará a ecoar por tempos e mais tempos além dos nossos. Legado que alivia um pouquinho da saudade que sentimos em nossos peitos.
Cabelo ao vento, camisetas e gente jovem reunida. Enquanto Belchior não volta, conheça nossas novas estampas em sua memória: uma pá de lançamentos com a fúria e a força desse bigodão imponente!