Para fazer bonito

“Bonito” é nome próprio no Mato Grosso do Sul porque o adjetivo é muito pouco para um lugar tão espetacularmente espetacular. Nessas andanças que busco para me achar, Bonito, a cidade, é, sem dúvidas, o destino de ecoturismo mais completo que já encontrei.

Não à toa, as atrações precisam ser marcadas com muita antecedência. Todos os passeios devem ser acompanhados por guias cadastrados, uma maneira bacana que a administração da cidade encontrou de controlar o acesso e respeitar a biodiversidade do local. Ou seja, desavisados e desligados, como eu, correm um risco danado de ficar de fora das atrações.

Peguei um avião para Campo Grande – MS, e para moleque criado nas montanhas de Minas, pousar em terras tão planas – e finalmente entender a tal da planície das aulas de Geografia – já foi uma baita novidade. De lá, peguei uma van até Bonito e chegando à cidade, passamos pelo local de treinamento para o Abismo Anhumas, uma das atrações que eu não havia conseguido vaga.

**Flutuação no Rio Sucuri**
Na curiosidade, parei com mala e tudo para ver o pessoal treinar **rapel**. O motivo do treino é simples: o Abismo é uma caverna de 72 metros de profundidade, onde é preciso baixar de rapel para então mergulhar em águas cristalinas num lago de 80m de profundidade e uma extensão igual à de um campo de futebol. A iluminação depende apenas de feixes de luz na fenda da rocha. E em um belo resumo, é a sensação de estar bem no **centro do Planeta Terra**, nadando por ele. Ah! Como eu sei qual a sensação? No momento dos treinos, uma turista não conseguiu fazer o rapel. Que maravilha! Lá já estava eu para me cadastrar para o passeio do dia seguinte. Más línguas diriam que foi muita mandinga na garota.

Mandinga que voltou no passeio seguinte. Fui para Boca da Onça, o maior rapel de plataforma do Brasil, equivalente a um prédio de 30 andares: no bom e culto português, é alto bagarai! No meio da descida minha corda travou, por alguns minutos, para o mundo exterior, porque para mim deu tempo de rezar para todos os deuses da via láctea. É que, na verdade, a altura é um dos maiores medos na minha vida e ainda me pergunto por que faço esportes radicais ligados a ela. Metros para baixo à parte, o passeio lava qualquer alma, seja pela trilha com direito a muito verde, piscinas naturais com muito azul ou pela maior queda d’água do estado em nossas cabeças.

A alma, além de lavada, fica cheia de experiências bacanudas guardadas. O grande charme de Bonito é justamente a interação com tudo aquilo, não apenas algo contemplativo, mas a gente se sente parte do meio. A experiência de partir do exato local onde nasce um rio de águas absolutamente claras, para um passeio com zilhões de peixes bonitões desfilando em nossa frente, faz qualquer coração renovar as batidas.

Desde eventos grandiosos, como os narrados nessas palavras saudosistas, até aos mais simples, como ir na garupa de moto-taxis até cada ponto turístico, Bonito fez bonito no meu Carnaval de 2012, e estes foram só as alegorias dessa festa, porque tinha muita ala para dar samba: rafting no rio Sucuri, arvorismo, passeio da gruta do Lago Azul e a vida no Buraco das Araras. Para dar uma melodia a essa toada, aqui vão algumas fotos das lentes classudas que circulam pelas interwebs:

**Abismo Anhumas**
![Para fazer bonito - Gruta do Lago Azul](http://45.55.129.122/wp-content/uploads/2014/09/Gruta-do-Lago-Azul.jpg)
**Gruta do Lago Azul**
![Lagoa Misteriosa](http://45.55.129.122/wp-content/uploads/2014/09/Lagoa-Misteriosa.jpg)
**Lagoa Misteriosa**