O DNA da MPB

Você já ouviu um americano tentando tocar bossa nova? Por mais que o artista estrangeiro se esforce para reproduzir todas as notas da partitura, sempre vai faltar aquele tempero inexplicável, aquela malemolência que só o brasileiro possui. Concorda?

Mas qual seria o segredo que faz o nosso batuque ser tão irresistível? Outro dia eu assisti o documentário Chef’s Table no qual Alex Atala conta que só descobriu o verdadeiro significado da culinária brasileira quando foi provocado pelo Erick Jacquin (master tompêrro chef brésil), que disse “você é um bom cozinheiro, sabe dar sabor, mas nunca vai fazer uma cozinha francesa como eu”. Foi naquele momento que o chef mais famoso do Brasil estabeleceu um rumo para a sua arte.

E na música brasileira acontece da mesma maneira. Temos uma identidade plural que está presente (acredite ou não) em todas as vertentes da nossa produção cultural.

Nosso rock tem maracatu (salve Chico Science), nosso indie tem carnaval (ave Los Hermanos), a maior banda de trash metal do mundo (há controvérsias) é brasileira e até o nosso rap tem samba. Somos Mutantes por natureza e transformamos tudo que vem de fora em algo novo. A Fantástica Fábrica da MPB tem o poder de captar, absorver e canalizar o mundo inteiro, assimilando influências, regionalizando o modo de se expressar e tornando essa efervescência cultural ainda mais interessante.

E como também somo plurais, olha o tantão de ícones que a gente já imortalizou por aqui.

A verdadeira identidade da música popular brasileira é exatamente a eterna procura pela batida perfeita. Esse toque de pluralidade que faz nosso ritmo ser tão especial. Concorda?

E aí, qual artista brasileiro merece uma bela homenagem aqui na Chico Rei?