Os 5 melhores trabalhos de Virginia Woolf e a conjuntura em que foram feitos
Chegou a hora de falar sobre a obra de uma das maiores escritoras de todos os tempos, Virginia Woolf. Se estivesse viva, estaria fazendo 136 anos e seria uma das velhinhas mais importantes do planeta!
Uma vanguardista, que pôde desfrutar de bons estudos na juventude e, após o casamento, abrir uma editora e lançar escritoras femininas que até hoje moram no nosso imaginário.
Participante de um grupo muito seleto de intelectuais, conhecido como Círculo de Bloomsbury, Virginia Woolf escrevia sobre suas experiências e seus olhares. Com isso, selecionamos uma lista com as obras mais elogiadas de Virginia Woolf e vamos falar um pouco sobre a conjuntura na qual elas foram escritas.
Venha conhecer um pouco da vida dessa escritora incrível:
Senhora Dalloway (1925)
"Mrs. Dalloway" é um romance publicado em 14 de maio de 1925. Ele narra um dia da vida de Clarissa Dalloway, uma mulher inglesa rica em um ambiente entre guerras.
A narrativa se dá por dois meios, Clarissa Dalloway e Septimus Smith. Em cada ponto, há um tempo em que os personagens retornam seus pensamento e se utilizam do “presente contínuo” (termo de Gertrude Stein), que perpassa a mente de ambos durante o dia em questão. Clarissa rememora sua juventude sendo disputada por diversos pretendentes, enquanto Septimus sofre consequências de ter estado na guerra e a perda de seu amigo Evans. O romance toca em assuntos muito diversos, como doenças mentais e depressão. Um dos personagens sofre com a morte de um companheiro durante a guerra, situação rotineira na época, mas que envolvia muitos tabus e questões. Em uma época em que a guerra significava paz, ter “neurose de guerra” pode soar covardia.
Outros pontos muito interessantes são o feminismo e a homo/bissexualidade. A relação de Clarissa e Sally, além da dicotomia entre as personalidades. Uma independente e insubordinada. A outra, uma típica dona de casa.
Ao farol (1927)
"Ao Farol" foi publicado em 5 de maio de 1927, e já inspirado nas novas tradições modernistas. O enredo é apenas uma via para se falar de assuntos bem mais complexos. O livro quase não tem diálogos e se dá muito por pensamentos e descrições.
Seu ponto é discorrer sobre a relação entre crianças e adultos. A obra toca muito em sensações e sentidos através de objetos, para além da mensagem que transmite.
É possível perceber o exercício disso pelos diários da escritora; ela passava um bom tempo observando objetos ou ações e ouvindo a si mesma sobre quais emoções aparecem como respostas em sua mente.
Orlando: Uma Biografia (1928)
"Orlando: Uma Biografia" foi publicado em 11 de outubro de 1928. A obra é semi-biográfica e se baseia na vida de Vita Sackville-West, amante e amiga de Virginia Woolf.
É uma das obras mais acessíveis da autora, uma novela com grande influência estilística e um marco nos estudos feministas e de gênero. Orlando é um jovem inglês rico que, durante uma viagem à Turquia, simplesmente acorda mulher e dotado de imortalidade. O livro o acompanha durante seus 350 anos. Uma das peças mais bem humoradas da escritora!
A transformação do personagem em mulher se dá de forma comum e cotidiana, exatamente como as relações de amor. Podendo assim fazer uma comparação com Virginia, que, casada, manteve um relacionamento com Vita durante anos.
Vita Sackville-West era uma mulher livre e independente. Mesmo assim, perdeu grande parte da fortuna de sua família pelo simples fato de ser mulher. Viu tudo ser herdado pelo primo mais próximo. Fato esse acompanhado por Woolf e que influenciou diretamente a forma como ela observava o feminismo e as mulheres.
Um teto todo seu (1929)
Um ensaio de Virginia Woolf publicado em 24 de outubro de 1929 e baseado em textos de palestras que a escritora deu uma ano antes, em Newnham College e Girton College, ambas escolas para mulheres.
O ensaio é um texto feminista e discorre sobre o espaço das escritoras em uma tradição literária dominada pelo patriarcado.
Exerceu grande influência sobre as comunidades feminista e LGBT, bem como a literária, sendo colocado entre os 100 livros do século do jornal francês Le Monde.
Em um momento do trabalho, Woolf levanta uma questão:
“Então, devo dizer-lhes que as próximas palavras que li foram estas – ‘Chloe gostava de Olivia...’ Não comecem. Não fiquem vermelhas. Vamos admitir que às escuras na nossa própria sociedade essas coisas às vezes acontecem. Às vezes mulheres gostam de mulheres”.
Através do ensaio, Woolf tocou em assuntos muitas vezes negligenciados na época, muito por conta do ambiente em que estava. Uma escola só para mulheres pode ser um ambiente bastante seguro, certo?
As ondas (1931)
"As Ondas" é um romance de Virginia Woolf publicado em 1931.
O livro mais experimental de Woolf, todo feito em monólogos pelos seis personagens: Bernard, Susan, Rhoda, Neville, Jinny e Louis.
Escrito em um momento de profundas depressões e sentimentos, o livro pesa em sensações e nos apresenta uma descrição visceral sobre a vida e suas aplicações.
O livro carrega muitas polêmicas. Uma delas, sua categoria: muitos não o posicionam como um romance, por sua linguagem mesclar entre provas e versos.
Marguerite Yourcenar, que traduziu "As Ondas" para o francês, disse sobre Woolf: “Não acredito, de qualquer modo, que eu esteja cometendo um erro ao colocar Virginia Woolf entre os quatro ou cinco grandes virtuosos do idioma inglês e entre os raros romancistas contemporâneos cujas obras têm alguma chance de sobreviver mais que dez anos”.