#PorDentroDaGaleria: conheça o artista Rodrigo Ferreira!
Diretamente de Belo Horizonte, Rodrigo Ferreira encanta a todos com seus traços únicos, inspirados nas revistas em quadrinhos e desenhos animados. O que começou como um simples hobby acabou ganhando cara de profissão a partir de 2007, quando ele começou a participar de concursos internacionais produzindo estampas para camisetas. Não é por acaso que hoje Rodrigo é um dos artistas convidados que compõem a nossa galeria!
Criador de vários sucessos da Chico Rei, ele já é mais do que de casa! E para apresentar um pouco mais do seu trabalho, suas inspirações e sua trajetória, fizemos questão de passar o bastão para o próprio Rodrigo. Confira abaixo:
Como você se apresentaria para alguém que não te conhece?
Oi, pessoal! Meu nome é Rodrigo, tenho 44 anos, mineiro, geminiano (minha esposa me obrigou colocar isso), publicitário por formação e designer gráfico pra pagar as contas. Eu gosto muito de tentar ilustrar coisas divertidas e de vez em quando eu até consigo. Meu filme predileto é Magnólia, minha banda do coração é o Wilco e acho que Sopranos é a melhor série de todos os tempos. O nhoque com bife à milanesa da minha mãe é a minha comida favorita, eu já fiz 97% tocando "My Iron Lung” do Radiohead no Rockband (guitarra, dificuldade média), na pandemia eu virei um orgulhoso pai de plantas e eu amo doguinhos (beijo, Gael!).
Quando e como você se descobriu ilustrador?
Eu desenho desde molequinho, reproduzia os desenhos das revistas em quadrinhos e dos desenhos animados da TV. Todo mundo dizia que eu levava jeito, que o meu traço era bacana e que meus pais deveriam me estimular. Eu curtia demais mas pra mim era mais um hobby. Não dava para imaginar isso como uma profissão ou coisa do tipo. Aí eu virei designer gráfico, que é uma profissão em que eu poderia aproveitar essa facilidade. Mas, vocês sabem, o design gráfico pode ser um pouco frustrante por vários motivos (leia-se clientes), eu não estava muito feliz com o trabalho, foi quando eu descobri os concursos de design para camisetas. No início, foi mais um escape criativo mas não demorou muito pra descobrir que era o que eu realmente queria fazer.
Pra você, como têm sido todos esses anos trabalhando com a sua arte?
Eu cresci junto com a minha arte, isso é fato. Através dela eu conquistei coisas inacreditáveis. Tem muuuito tempo que eu entrei para o mundo das camisetas, eu comecei a desenhar estampas em 2007 para participar de concursos online na gringa. Foi aí que a minha arte se tornou um trabalho. Ela me deu visibilidade, reconhecimento e prêmio$ que me ajudaram a realizar muitos objetivos. Mas na real foi bem tenso, viu? Os meus primeiros desenhos eram meia boca, eu não entendia bem o público e a mídia camiseta. Os concursos tinham limite de 4 cores por ilustração, os gringos não gostavam de estampa com texto, enfim, vc tinha que transmitir a sua ideia de forma muito objetiva e com apelo visual. Era desafiador, competição acirrada (mas extremamente saudável) mas me ajudou demais a crescer. Eu me frustrei inúmeras vezes, quase chutei o balde, demorei 2 looooooongos anos para conceber um combo de ideia/design que fosse bom o suficiente para ser selecionado. E aí, tudo mudou demais. E pra muito melhor. Eu consegui ser selecionado mais vezes, venci algumas competições temáticas, a curadoria de outros sites começou a me notar e a coisa decolou. Eu lembro que eu quase caí da cadeira quando me chamaram de artista pela primeira vez. Imagina só, um mineiro pobre da zona norte de BH dando entrevista para gringo. Uma estampa minha indo parar em uma mostra de um Museu em São Francisco, Califórnia. Um carinha apareceu no programa do Jimmy Fallon vestindo uma camisa com um desenho meu. E depois, outra camisa apareceu na série Community. Meu nome foi parar nos créditos do filme “Jay and Silent Bob Reboot” por causa de mais outra estampa. E aqui no Brasil, a coisa começou a acontecer quando ChicoRei me deu a honra de ser um dos Artistas Convidados e a oportunidade também ser chamado de artista no meu país. Todos esses anos tem sido incríveis :)
Quais são as suas referências principais e inspirações?
A minha referência principal são os cartoons da Hanna-Barbera. Eu cresci assistindo os desenhos animados e tentando reproduzi-los. E também tem vários artistas que eu conheci participando dos concursos de estampas. O meu favorito é disparado o Glenn Jones, da Nova Zelândia. Eu fico boquiaberto com a capacidade de síntese visual dele. Quando eu crescer, eu quero ser igual à ele. Sobre a inspiração, ela vem de todo lugar, tudo me inspira.
Como você define seu estilo?
Meu estilo é muito cartoon. Eu não tenho técnica apurada, meu traço é quase infantil. Inclusive, de uns tempos pra cá os meus desenhos estão cada vez mais parecidos com os que eu fazia quando era moleque. Em 2007 eu desenhava muito com vetores no Corel Draw (me perdoem), tinham mais detalhes, texturas, eram um pouco mais realistas. Depois que eu consegui uma mesa digitalizadora, eu passei a ilustrar no Photoshop e aí o estilo ficou mais solto e mais leve. Agora eu faço tudo no iPad e desenhar direto na tela é muito bom. Cheguei no estilo que mais me agrada, tem mais identidade. O pessoal fala que consegue reconhecer meu traço em qualquer lugar e isso me deixa muito feliz. Eu acho que agora eu finalmente consegui ter um estilo pra chamar de meu, sabe? É um estilo meio tosquinho, bobo e divertido. Eu gosto dele :)
Você tem um processo criativo? Como você lida quando rola o famoso bloqueio?
Meu processo é meio esquisito, é quase acidental. Geralmente eu vejo alguma coisa e penso “cara, tem uma ideia aqui”. Aí eu começo a fazer associações, procuro semelhanças/diferenças com outras coisas, é tudo muito rápido. Sabe esse desenho ali embaixo? A ideia veio quando eu estava assistindo Fargo, aquele monte de neve me deixou intrigado. O meu processo fica fácil de entender a partir desse desenho: a ideia começou com a neve de Fargo / neve lembra esquimó / neve é água congelada / uia, esquimó caminha sobre água todo santo dia / quem anda sobre a água? / Jesus -> e a ideia fecha. Aí é pensar na melhor maneira de ilustrar tudo.
Às vezes eu começo a desenhar antes mesmo da ideia estar 100% fechada, o twist, o tcham só surge durante o processo e é bem legal quando isso acontece. As ideias também pipocam quando estou quaaaase dormindo, tomando banho ou no caminho para o trabalho. Sobre o famoso bloqueio, eu tenho algumas maneiras de lidar com ele e tomara que elas possam ajudar outras pessoas:
1. Eu tenho um monte de ideias anotadas ou rabiscadas e recorro à elas quando dou aquela travada. A maioria das anotações estão em rascunhos de email, o que facilita o acesso;
2. Revisitar os trabalhos antigos ajuda muito. Ver que você já fez várias coisas legais pode ser inspirador e ainda afasta a sensação ruim de se sentir um impostor ou de não ser criativo;
3. O bloqueio provavelmente é só cansaço. Dar um tempo e fazer outras coisas que você gosta pode ajudar a desbloquear a criatividade.
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Poxa, eu queria agradecer demais a todes que curtem o meu trabalho e pedir que continuem a apoiar os artistas independentes. Siga, curta, comente, reposte, critique, mande um beijo, todo carinho é sempre super bem-vindo, não são raras as ocasiões em que nós pensamos ser invisíveis e o apoio de vocês são o melhor incentivo e recompensa :) Ah! Se quiser conhecer mais o meu trabalho, me segue lá @rodrigobhzz
Em nome da Chico Rei, falo com tranquilidade: é sempre um prazer poder ser mais um espaço para a difusão da arte mundo afora.
E que tal aproveitar a visita e dar um pulo no site para conhecer a coleção completa do Rodrigo? Clica aqui ;)