Rumo ao Sul: Partiu, Patagônia!

Antes de correr os olhos por essas palavras, vale um aviso: os relatos deste texto se referem aos primeiros dias de um dezembro qualquer. Enquanto no inverno o sol aparece timidamente pouco mais de seis horas por dia, no verão ele garante quase 20 horas de claridade por aquelas bandas.

Nosso cartão de visitas para a Patagônia foi El Calafate, que carrega na bagagem uma das maiores geleiras do planeta, e Ushuaia, a cidade mais austral do mundo. Além de um verão com dias enormes e temperaturas perto de zero graus, as duas cidades compartilham um sentimento em comum: a paixão pela terra. Não à toa, tudo é fresco para aqueles moradores que brindam em média apenas a terceira geração com a coragem de povoar terras tão hostis. Coragem a deles e sorte a nossa que podemos chegar e nos aconchegar sem problema algum.

El Calafate, com pouco mais de 14 mil habitantes e esbanjando charme pelas ruas com suas casas de madeira ao lado do Lago Argentino, formado pelo degelo dos Andes, é ponto de partida para o Glaciar Perito Moreno, algo difícil de se entender como é formado, mas fácil de se explicar a sensação quando chegamos aos seus pés: imagina um tsunami de 90 metros de altura chegando em sua direção e tcharam! Ele congela. Em um passeio rápido por suas passarelas, a alegria era ver algumas toneladas de gelo se desapegando do glaciar e partindo rumo ao lago, em forma de icebergs enormes, que logo viravam obstáculos para o próximo passo: tomar um barco rumo à geleira e, com os tais “grampones” nos pés, se sentir um explorador das neves!

Perito Moreno: A terceira maior área congelada do planeta
[![01](http://45.55.129.122/wp-content/uploads/2014/12/01.jpg)](http://45.55.129.122/wp-content/uploads/2014/12/01.jpg)
Tênis preparado para o Trekking pela geleira
As geleiras que namoram El Calafate são apenas um dos motivos para tomar voo para terras argentinas. Por lá também topamos com uma **tirolesa com nada menos que 2 km de extensão**, com modesta vista para os **Andes **e pizza mais vinho te esperando na chegada. Para equilibrar com a adrenalina da descida nos cabos de ferro, vale também os passeios em Estâncias, com shows folclóricos, conhecer novos amigos, como ovelhas e bezerros simpáticos, e muita, muita comida! **Três dias são o suficiente** para bater perna por lá, então simbora para o próximo destino: o Fim do Mundo.

2 km de aventura e vento frio na cara
Ushuaia, cidade mais ao sul do mundo, **espremida entre os Andes e o Canal Beagle** – onde Pacífico e Atlântico batem um papo – era, até a abertura do Canal do Panamá, a principal ligação entre os oceanos, mas nem por isso deixou de lado sua vocação marítima. De lá, partem navios cheios de corações desbravadores rumo à Antártida e chegam outros cruzeiros que passeiam pela América Latina. E de lá também partimos para um rolê pelo Canal, para encontrar colônias de **Leões Marinhos** e dar uma volta pelo **Farol do Fim do Mundo**. Sim, tudo por lá é o farol, a padaria, a pracinha mais ao sul do Mundo.

Para dar um alô para a galera dos pinguins, tomamos um ônibus até uma estância e de lá um bote pequeno até a ilha onde mais de 12 mil pinguins curtem as férias. A Acapulco dos pinguins fica repleta de ninhos com filhotinhos de duas espécies tomando vida durante o verão.

Dica marota: os passeios de barco até a ilha dos pinguins não permitem você descer por lá. Apenas o passeio que se inicia de ônibus entra com você em terras pinguineiras.

Pinguins e sua incrível perícia ao nadar e sua incrível incapacidade de andar alguns metros sem se estabacar no chão
**Ushuaia também está bem servida com três dias por lá.** Além dos passeios pelo Canal Beagle, outros para conhecer os Cerros locais valem a prata e as pernas utilizadas. Para o **Cerro Castor**, basta tomar um táxi até sua base e com pouco mais de 40 minutos de subida você pode se jogar, comer, montar guerrinhas com a neve. Claro que mineiro da Zona da Mata, eu fiz tudo isso.

Neeeeve!!! Jesuuuusss!!! Neeeeve!!!
E como mineiro, desconfiado que sou, te ajudo com mais dicas marotas:

Money: estar na Argentina não significa, nesta região, preços baixos. Prepare o bolso, afinal você está longe pra caramba, tudo é mais salgado. Assim como Zona Franca não significa pechincha pelas lojas.

Programação: Marcamos todos os passeios por lá mesmo, o que é ideal. Afinal,** tudo depende de como estará o tempo**: chuva, neve, sol…

Vai na fé,** com bastante casaco e protetor solar!**