Sétima temporada de Game Of Thrones: amar ou odiar?

Meus amigos, voltei! Eu tava ficando louca… Brincadeiras à parte! Mas é isso, a sétima e curta temporada de Game Of Thrones chegou ao fim e “nois” tá como? Sem nada pra fazer aos domingos à noite. Mas a gente ainda pode dar pitaco, né?

Então vamos ao veredito da temporada que mais dividiu opiniões desde que a série estreou. Teve polêmica, briga de fanboy, gente gritando fanservice, teletransporte e dragão, muuuito dragão.

Eu acho quase impossível você não ter recebido spoiler a essa altura do campeonato, mas me obrigam a colocar aviso. Então: TEM SPOILER. Agora partiu sem mais delongas, fiz uma crítica com coração de fã e mente de expectadora.


Já que é pra cortar

Sim, logo que a sexta temporada terminou ficamos sabendo que as duas últimas :( teriam menos episódios: sete pra sétima, e SÓ seis pra oitava e despedida. Teve muita revolta de geral, mas também muitos argumentos favoráveis. Vamos aos prós e contras dessa decisão.

Foi bom porque as coisas se desenrolaram bem mais rapidamente e a série ganhou um dinamismo nunca visto. Só que nossos queridos David Benioff e Dan Weiss - os roteiristas da série - parecem ter se perdido um pouco e se descuidaram no modo como agilizaram as coisas. Teve informação solta, plano sem pé nem cabeça e muito, mas MUITO teletransporte.

Foi bacana porque os efeitos especiais dos dragões ficaram im-pe-cá-veis. Sério, quem reclamar disso tá de sacanagem. Em compensação sumiram com o Fantasma e ficamos bem tristes.

Muito se falou que o corte de episódios era benéfico porque a série não precisaria enrolar e ganharia em qualidade e agilidade, em geral só 50% disso foi cumprido; como falamos. Como diria minha vó, apressado come cru.
Mas esse papo de roteiro fica pro próximo tópico.

Sem a Bíblia pra seguir

Pra quem não sabe ou não viu, a quinta temporada foi a última em que George R. R. Martin - o autor d’As Crônicas de Gelo e Fogo, livros que baseiam a série - contribuiu diretamente para a construção de roteiros dos episódios. Na sexta temporada, o tio já estava afastado e muito se comentou sobre quanto o afastamento de Martin prejudicaria o enredo.

Bem, a sexta temporada foi excelente, tendo os dois últimos episódios como destaque absoluto em todos os quesitos. A Batalha dos Bastardos e Os Ventos do Inverno são verdadeiras obras primas da tv, e claro, elevaram nossas expectativas à altura da Muralha (R.I.P) para o que viria a seguir.

Se D&D se viraram bem na sexta temporada, parece que na sétima eles erraram um pouco na mão. Não vou enumerar aqui todos os recortes de roteiro que não me agradaram, é só vocês passearem pelas críticas dos episódios aqui mesmo no blog. Mas vou ressaltar que a essência política que tanto nos fazia venerar Game Of Thrones acabou dando lugar a efeitos especiais e batalhas empolgantes. Uma barganha que na minha opinião teve mais perdas do que ganhos.

Por quê, Karol? Eu explico! GoT nunca foi “mais uma série de fantasia”, o que a tornou o fenômeno que é hoje, foi que a HBO conseguiu tirar o teor exato de conteúdo político perfeitamente equilibrado e somar com a taxa sobrenatural de dragões e mortos-vivos. Mérito absoluto do Martin que construiu esse universo maravilhoso!
Aí, minhas caras e meus caros, todo mundo - ou quase - que viu, amou. Amou porque nada daquilo tinha sido feito na televisão. Sua avó amou, seu pai amou, você amou e até seu cachorro amou.

E é aí que mora o perigo! Fomos acostumados desde o piloto com tramas perfeitamente entrelaçadas, diálogos de altíssima qualidade, personagens absurdamente profundos e que cada mínimo passo dado e palavra trocada tinha uma consequência milimetricamente bem planejada e claro, desenvolvida de modo genial. E assim se deu, uma primeira temporada absolutamente fiel à obra literária de Martin e a sequência se distanciando pouco a pouco. O problema não era a distância, até porque todo mundo sabe que na tela tudo fica diferente da página, e vamos combinar que tinha Martin grudadinho ali. O problema foi se descuidar da estrada, mesmo chegando no destino.

O perigo levou ao real problema: na pressa de desenvolver uma trama ágil lá no pré-final, veio o descuido e o fã de Game Of Thrones não estava acostumado com erros, nem nos mínimos detalhes.

Tudo tava previsível? Talvez estivesse, não acho que o roteiro vazado foi um obstáculo tão grande assim. A expectativa sim foi perigosa, por mais que tenham acontecido tantas coisas que queríamos faz tanto tempo, os meios encontrados pra chegarmos nos pontos finais não agradaram.

O roteiro desagradou porque foi recheado de conveniências, facilitações que não podíamos simplesmente ignorar. Bom, até podíamos se fosse uma série padrão. Mas é Game Of Thrones e não vamos aceitar a distância de 3000km percorrida em horas, planos ruins de anões geniais e correntes reluzentes aparecendo na floresta. Não vamos aceitar Corvo de Três Olhos que só sabe o que quer, não vamos aceitar mudanças de personalidade. E isso é só a escama do dragão todo.

A bíblia de Martin fez muita falta na sétima temporada e os fins não justificam os meios, pelo menos não no entretenimento de alta qualidade.

Baile de Máscaras

Falando em desequilíbrio de roteiro, perdemos alguns personagens. Sim e não.

Não porque ninguém importante - vocês hão de concordar comigo - foi pros sete infernos. Foram dezenas de oportunidades de mortes, essas que são a essência de GoT: ninguém está salvo. Sdds, Ned. E aí em meio a dragões, exércitos dos mais plurais e White Walkers a gente perde SÓ o Thoros de Myr. Não pensem que eu queria gente que amamos morrendo, mas gente, é Game Of Thrones ou não?
Tá, teve o Mindinho, mas esse já tava fazendo hora extra. Palmas pra essa morte, por sinal.

E o sim porque tivemos personagens não sendo eles mesmos. Tivemos em demasia até. Arya em um nível de arrogância nunca visto em certos momentos. Brienne reduzida a sorrisos, uma personagenzona dessas, gente! Jaime sendo o maior pau mandado que Westeros já viu e acordando tarde demais. E Tyrion! Tyrion bolando o plano que custou um dragão de Daenerys sem falar em outros fracassos. Cersei também ficou de lado em certos momentos e o Corvo de Três Olhos nem se fala. Samwell? Vazando da Cidadela ~suspiros~. Não vou enumerar todos, acho que vocês já entenderam que fiquei full pistola com essa questão.

Porém, aconteceu muita coisa bacana com nossos personagens também. Tormund foi uma presença constantemente positiva, toda cena em que aparecia era fantástica. Cão de Caça o personagem mais coerente da trama, tirando o lapso de jogar pedrinha nos mortos-vivos. Sansa absurdamente madura, começou questionando em público o irmão (tio) e terminou executando o maior jogador dos Sete Reinos. Daenerys finalmente seguindo seus instintos novamente, errando e acertando por conta própria. Jaime chegando no seu limite e tendo a honra que sempre esperamos dele mesmo que no último episódio. Cersei sendo Cersei prometendo mundos e fundos, mas pensando naquilo que sempre importou pra ela: ela mesma. Jorah se curando e voltando dignamente, se arriscando mais uma vez por uma causa. Varys admitindo que é uma cobra, mas uma cobra do bem rsrs. Euron Greyjoy se aproximando de quem é nos livros, ótimo personagem. Davos que é pra mim é destaque desde que fomos apresentados a ele, melhores frases de efeito ever.
ENFIM! Teve muita coisa que deu gosto de assistir também.

Uma Canção de Gelo e Fogo

E teve Jonerys pra dar e vender. Agora é a hora que dou minha opinião mais sincera: não era pra ser fanservice. Nunca foi pra ser. Gente, olha o nome da parada: As Crônicas de Gelo e Fogo. Vai dizer que lá no fundinho você não esperava? Sério?

Não, o problema não foi juntar os dois. Foi o modo como foi feito. Tudo começou muito bem em Pedra do Dragão, a química entre os dois tava bacana, não precisava de Davos e Tyrion falando disso e colocando pilha episódio sim, episódio não. Todo mundo já tinha sacado e esses comentários constantes tornaram a coisa forçada sem necessidade. Kit e Emilia estavam sendo capazes de externalizar isso sem a ajuda de terceiros, D&D, as cenas dos dois a sós davam conta do recado.
Ainda assim, o menor dos problemas.

No fim o saldo foi positivo no quesito Jonerys, mesmo que haters gonna hate. Mas shipp é assim mesmo gente, nunca agrada todo mundo. Segue o baile.

A Grande Guerra

Tudo que disse respeito à  divulgação da temporada nos brindava com o cumprimento da promessa Stark de que o inverno realmente havia chegado. Tudo gelado, tudo azul, tudo convergindo para a Grande Guerra, a tão esperada guerra. Eu já falei o quanto nossa expectativa estava elevada em relação a isso e como a HBO nos alimentou nesse sentido.

De certa forma, o prometido foi cumprido. O Exército dos Mortos mostrou seu poder, gelo encontrou fogo e o Rei da Noite atravessou a Muralha. A MURALHA CAIU! Talvez o acontecimento mais bafônico atrelado ao Dragão de Gelo. Te pergunto: se você não tivesse spoiler disso, não fica absolutamente chocado? Eu não tinha de algumas dessas questões e fiquei sem fôlego.

Teve conveniência pra que isso acontece? Teve e teve demais, mas os resultados grandiosos nos fazem relevar - mesmo que só um cadinho - e apreciar o fato de que, sim, o inverno chegou. E foi emocionante ver o dragão abrir seu olho azul e ver a sólida Muralha se desfazer feito um castelo de areia. Deu pra sentir a vulnerabilidade de Westeros e pensar que, ao contrário do que a política nos fez crer, desde a primeira temporada só existem dois lados: os vivos e os mortos.

Claro que tudo isso foi o objetivo da temporada e a tendência é que continue sendo, afinal esse é o inimigo que importa, outras tramas - mesmo que interessantes - se tornam menores. Cersei rouba a cena por ser uma personagem fantástica, mas seu papel nisso tudo ainda não é de protagonista. Jon Snow sempre foi quem nos levou a esse plot, por isso se destaca e agora conta com uma ajuda mais do que fundamental: Daenerys Targaryen. Capaz de adiar a missão de sua vida justamente por ser sensata o suficiente de compreender que se não vencerem a morte, o Trono de Ferro vai ser ocupado pelo Rei da Noite.

Por isso ver todos reunidos no Fosso do Dragão em volta de um morto-vivo foi tipo um cair a ficha de que Game Of Thrones está acabando e qualquer final que figure em nossas mentes não é feliz. Afinal, a essência de GoT não é a morte?

Aegon Targayen

A gente conhece Jon Snow no primeiro episódio da série. O bastardo, o injustiçado e aquele que parte pra ficar sozinho e congelado na piada que até então é a Patrulha da Noite. Ao passo que conhecemos Daenerys Targaryen, a princesa de um império derrubado controlada por irmão obcecado e absurdo.
Dois zé-ninguém que nos cativaram desde o primeiro momento e que passaram por tanta coisa, cada um à sua maneira, e hoje se estendem como os grandes líderes da história toda.

Eu não sei de que lado da guerra você estava quando tínhamos tantos reis, se você gostava do Robert Baratheon, queria Robb Stark no trono ou mesmo Renly ou Stannis Baratheon. O fato é que mesmo que não acreditasse que a Mãe de Dragões chegaria ao trono, um pedacinho seu reconhecia seu direito, mas acima de tudo, seu mérito nessa trama toda. Em um momento, pelo menos pra mim, todo mundo senta e é acometido pela certeza de que o Trono de Ferro pertence à Dany, ela é a última Targaryen, tem dois dragões e um coração do lugar. Ela cresce e amadurece com o único objetivo de retomar o que “lhe pertence”.

Até que… você descobre que não é bem assim. Jon Snow na verdade é Aegon Targaryen, filho do irmão mais velho da Khaleesi, Rhaegar Targaryen e da amada irmã de Ned, Lyanna Stark. O que isso muda? O fato de que por direito de nascimento - puramente por isso - o trono seria de Jon e não de Daenerys. E então, você começa a torcer pra que ele sente-se no Trono de Ferro?

Eu diria que é complicado. Não estou negando o direito de Jon, se pensarmos friamente o trono é dele. A questão é que conhecemos o moço desde sempre e sabemos: isso jamais passou por sua cabeça, ao contrário de Dany, a missão da vida de Jon desde que deixou Winterfell é a Grande Guerra. Ser governante não combina com ele, Jon não é um político, mesmo que Daenerys também não seja. Ele não lutou por isso. "Ah Karol, é justamente por isso que vão casar os dois." Dany não perde seu trono e nem Jon, eles reinam felizes para sempre juntos com Tyrion sendo sua Mão. Você acredita realmente nisso? Independente dos caminhos a serem seguidos, final feliz não é GoT e talvez o Trono de Ferro devesse ser a menor das nossas preocupações no fim das contas.

Azor Ahai, quem?

Se você não se liga em quem é o Príncipe ou Princesa que foi Prometidx, clica aqui pra dar um confere. Foi só pra citar que enquanto foi interessante para o plot de Stannis Baratheon isso ficou super em evidência, depois voltou quando Jon ressuscitou e agora quando Dany pisa em Pedra do Dragão. Talvez esse papel profético seja secundário, talvez seja só mais um descuido de roteiro. Mas deixo só uma frase da profecia pra vocês lembrarem que, talvez e só talvez, Azor Ahai seja a resposta suprema de Game Of Thrones:

“O Príncipe que foi prometido para desafiar os Outros”

Bjs de luz

Agridoce desde já

George Martin nos prometeu um fim agridoce pra Game Of Thrones, e desde que o Ned morreu lá no começo de tudo a gente já sentiu a verdade dessa sentença. A questão é que a sétima temporada já foi assim, temperada com fins extraordinários que perpassaram por meios bastante duvidosos e criticáveis.

Em meio a mortos e feridos, acho que GoT ainda está salva, mas seu prazo de validade começa a ficar claro. Estamos a uma temporada de encerrar uma das melhores séries produzidas, é natural querermos perfeição. Ela não veio, mas ainda assim tenho certeza que a série continuou te fazendo vibrar, se emocionar, ter raiva e se surpreender.

No fim das contas, os furos nos frustram, mas não tiram a magia que Game Of Thrones exerce sobre nós. Foi uma boa temporada sim, contudo esperamos uma oitava muito (muito mesmo!) melhor. Que os Deuses e D&D nos ajudem e até a oitava temporada!