Turismo verde e amarelo
Desde que me entendo por gente, admirei novos lugares. No sofá da agência de viagens de minha tia, ficava olhando para os posters de diversos cantos do planeta e em poucos minutos já estava flutuando na ideia de estar dentro daquelas imagens. Não era difícil. De tão pequeno, quando sentado naqueles sofás, os pés não tocavam o chão.
Mesmo com tantos quadros na parede, não me recordo de ter fotos do Brasil. O chique para aquela cidade no interior de Minas era tomar voo para fora do país: Disney para quem fazia 15 anos, Bariloche para aqueles que faziam sua primeira viagem internacional e Europa para quem tinha “bala na agulha”!
Entre tantos lugares da gringolândia, no meio de uma das revistas de turismo que ficavam expostas nas mesas da agência, achei o primeiro destino que desejava para minha vida: Bonito. Me admirava com a possibilidade de nadar em águas tão claras quase que batendo um papo com aquela imensidão de peixes. Fui criado à beira de um rio, mas a única vez que nadei com os peixes dele foi quando uma enchente fez a piscina lá de casa virar um pesqueiro. E essa tal de Bonito era em terras tupiniquins.
Quase ninguém conhecia. E quase ninguém conhece os Lençóis, poucos podem ir a Noronha, nunca me falaram do interesse de fazer um cruzeiro pelos rios da Amazônia. Enfim, não conhecemos o Brasil. E não há uma lista de lugares bacanas para se conhecer pelo mundo que nosso país não emplaque algumas dezenas de opções.
Discordo categoricamente desta justificativa e nela reside, em minha opinião, um dos fracassos nacionais. Qual a parcela de turistas que estão dispostos a essa aventura? Turismo é concorrência, e encontrar brasileiros por todos os cantos do mundo é cada dia mais natural por um fator simples: se lá fora temos mais estrutura e conforto pelo mesmo valor (ou menor), quem será escolhido no final das contas?
Quantas vezes você viu campanhas publicitárias do Jalapão/TO… Chapada Diamantina/BA… Ibitipoca/MG? O Brasil peca. É necessário anunciar o Brasil para o mundo e para os brasileiros. É necessário investir em estrutura para nossos pontos turísticos e são necessárias leis de incentivo ao turismo, ou continuaremos como seguem quase todos os pontos turísticos nacionais: vendendo o almoço para comprar a janta. Dias de alta temporada acabando a água em pequenas cidades, sem opções de transporte ou estadia. Enquanto em baixa temporada estamos às moscas. Mas elas não pagam diária…