Frida Kahlo. Esta certamente não é a primeira vez que você escuta esse nome ou lê um texto sobre a aclamada pintora.
Nascida em 1907, mexicana, filha de pai alemão e mãe mexicana, muitos números marcaram sua trajetória. Em 47 anos de vida, Frida pintou 143 quadros, dos quais 55 foram autorretratos. Passou por 35 cirurgias, sofreu três abortos espontâneos, casou-se duas vezes com o mesmo homem (o também pintor mexicano, Diego Rivera) e escreveu centenas de páginas em seu diário.
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Apesar de ser enquadrada como surrealista, Frida nunca se reconheceu em nenhum estilo específico. Ela falava: “nunca pintei sonhos, pinto a minha realidade”.
Frida é resistência, é luta. E hoje separamos 12 obras da artista, em ordem cronológica, para entender um pouco mais da sua vida e sua história.
1. Autorretrato com vestido de veludo (1926)
Frida começa a pintar entre 1925 e 1926, depois de ter sofrido um grave acidente de ônibus que a deixou acamada por meses - e lhe trouxe consequências para o resto de sua vida. Sua primeira obra foi Autorretrato com vestido de veludo, em que se retrata com o corpo rígido, com postura, diferente do que a acompanhava a partir daquele momento. O retrato foi feito e enviado para seu então namorado, Alejandro, com o objetivo de reconquistá-lo. Alejandro achava que Frida tinha ideias muito liberais e, por isso, o relacionamento havia esfriado.
2. Hospital Henry Ford (1932)
A vida de Frida foi pautada por dores e sofrimentos. Quando criança, sofreu de poliomielite e enfrentou sequelas desde muito jovem. O acidente de ônibus, aos seus 18 anos, fraturou sua pélvis e tornou o processo de gravidez muito mais complicado para a artista. Em Hospital Henry Ford, ela representa o segundo aborto espontâneo que sofreu, durante o período em que morou nos Estados Unidos com Diego Rivera. Conectados a ela, por fios vermelho, estão:
- um molde ortopédico
- o feto, morto, no centro da tela
- um caracol, descrito por ela como um símbolo da lentidão do aborto
- uma máquina, possivelmente um símbolo do país em que estava
- uma orquídea, um presente que ganhou de Diego
- um osso pélvico fraturado, o motivo por sofrer complicações em suas gestações
3. Autorretrato na Fronteira Norte (1933)
Frida sempre foi apaixonada pelo seu país natal e pela cultura mexicana, e frequentemente retratava isso em suas obras. Ela chegou a compartilhar com o marido uma coleção de artefatos antigos da história do país. É por isso que, quando se muda com Diego para os Estados Unidos, enfrenta muita dificuldade para se adaptar. Frida nunca foi feliz no país, e demonstra isso em Autorretrato na Fronteira Norte, retratando elementos estadunidenses em tons escuros e elementos mexicanos em tons claros, mais alegres.
4. Aí penduro meu vestido (1933)
Pintada na mesma época, essa é mais uma obra em que Frida transparece seus sentimentos pelos Estados Unidos, um país descrito por ela como frio, desumanizado e industrializado. Seu marido, Diego Rivera, foi convidado para pintar murais em Detroit, e aceitou com o objetivo de retratar o socialismo e representar a classe trabalhadora no país capitalista. Em Aí penduro meu vestido, é como se ela somente estivesse flutuando, mas nunca presente naquele lugar. É uma demonstração da sua aflição e seu anseio para retornar ao México.
5. Minha ama e eu (1937)
Frida foi amamentada por uma ama de leite de origem indígena. Em Minha ama e eu, a pintora retrata a ama com uma máscara fúnebre pré-colombiana, por não se lembrar do rosto dela. Frida tinha grande interesse pelos povos e elementos pré-colombianos, e uma de suas grandes influências foi o dualismo asteca, que também influenciou esta obra. Aqui, como a vida e a morte, a relação materna e a separação, a frieza.
6. As Duas Fridas (1939)
Apenas alguns meses antes deste quadro, Frida havia se separado de Diego Rivera, após descobrir que o pintor estava tendo um caso com sua irmã, Cristina. As Duas Fridas é o retrato perfeito do sofrimento que Frida estava passando, e muitos são os elementos que indicam isso. Ela se representa de duas formas, conectadas por uma artéria saindo do coração. Na imagem à esquerda, escorre sangue dessa artéria, como o signo de um sofrimento. Na imagem à direita, Frida segura um retrato de Diego. Este é o maior quadro da artista e um dos mais famosos.
7. Autorretrato com colar de espinhos e beija-flor (1940)
Em Autorretrato com colar de espinhos e beija-flor, Frida se retrata com um colar de espinhos, que a machuca, como o sangue que escorre do seu pescoço demonstra. Um símbolo tirado do cristianismo e que retrata dor e sofrimento, sentimentos que ela encarou durante toda a vida. Mesmo assim, ela os enfrentou com calma e dignidade, como seu olhar transparece. Essa pintura foi feita um pouco antes de Frida e Diogo Rivera se casarem novamente.
Ah! Essa pintura em específico inspirou uma estampa lindona aqui na Chico: confere só!
8. A Coluna Partida (1944)
A década de 40 foi uma das mais sofridas na vida da artista. Foi neste período que ela mais sofreu por conta do seu corpo. Ela pintou A Coluna Partida e ilustrou suas limitações físicas, através do colete que usava para sustentar sua coluna. Apesar de todo o sofrimento, representado pelas lágrimas, Frida o encara de frente e firme, como seus olhos mostram - um semblante e simbolismo que se repetem em outros quadros.
9. O Veado Ferido (1946)
Representada no corpo de um veado, Frida mais uma vez se retrata diante da dor e do sofrimento. Mesmo com diversas flechas em seu corpo, seu rosto permanece de pé, e seu olhar, firme. As flechas representam os sofrimentos que Frida enfrentou, como seu divórcio e as limitações físicas que a acompanharam durante toda a sua vida.
Para essa pintura, também temos uma estampa exclusiva.
10. Árvore da Esperança, Mantenha-se Firme (1946)
Mais uma vez, uma de suas obras representa um claro dualismo, elemento forte e muito presente em outras obras de Frida. Ela se retrata de duas maneiras, entre a luz e a sombra, com a dor e a beleza. Se dedicou a Árvore da Esperança, Mantenha-se Firme depois de uma cirurgia mal sucedida em sua coluna, como é retratado do lado esquerdo do quadro, em que está acamada. Mesmo assim, nunca desistiu ou deixou de buscar a cura para suas dores, como podemos ver do outro lado do quadro.
Olha que estampa linda essa obra inspirou!
11. O Sol e a Vida (1947)
As plantas simbolizam a vida, o nascimento. Através dessa representação e do ciclo do início da vida, Frida expõe suas fragilidades na pintura de 1947. Como em muitas de suas obras, a artista simboliza a dor por não ter conseguido ter filhos, através de elementos que demonstram fertilidade.
Essa obra forte e poderosa também rendeu uma camiseta em nosso site.
12. Natureza Morta: Viva a vida (1954)
Em um estilo diferente de outras pinturas retratadas aqui, Natureza Morta: Viva a vida é o último quadro finalizado por Frida em vida. Alguns dias antes de sua morte, em 1954, escreveu: “Viva a vida. Coyoacán 1954 - México - Frida Kahlo”. Não se sabe ao certo quando Frida pintou as melancias, muitos historiadores acreditam que ela iniciou essa obra muito anos antes. Porém, é preciso destacar um simbolismo, sendo coincidência ou não: na cultura mexicana, as melancias são frequentemente associadas às figuras das caveiras, a principal representação da morte no país.
Apesar dos grandes números e feitos, Frida, que foi a primeira artista mexicana a ter sua obra exposta no Museu do Louvre, em Paris, demorou a ser reconhecida em seu país natal.
No México, participou de uma única exposição individual do seu trabalho, um ano antes de sua morte, em 1953. Já acamada e muito debilitada, Frida participou do evento deitada em uma cama.
Que sua história não se repita e que possamos, cada vez mais, apreciar e reconhecer trabalhos e artistas em vida.