Assistidos #8
Uncle Frank
Discordo! Uncle Frank não é sobre uma jovem desenquadrada, projetando fuga existencial no casal de tios gays descolados/fofos, que a refugiam em Nova York. E também não é sobre esse mesmo casal, bem aceito em suas bolhas nos anos 70 - mas que se corrói pelos olhares tortos das famílias redneck de um e iraquiana do outro. Uncle Frank é sobre um pai escroto, que ferrou com a vida do filho e, mesmo morto, consegue infernizá-lo além túmulo. Contudo... Sempre há uma mãe/sogra maravilhosa, que a certa altura da trama, é flagrada gargalhando, de mãos dadas com o genro.
O Homem nas Trevas
Vai lá mano: junta dois “amigos” e invade a casa do tiozinho veterano de guerra, que perdeu a visão com estilhaços de granada. Vai lá e depois me conta?!? Na zona de conforto - sua residência, com as luzes cortadas pelo próprio - o homi é o capeta: sai na porrada, te acha pelo cheiro, atira melhor que você com a espingarda de chumbinho do parque de diversões. Sam Raimi não dirige, mas... Mezzo A Morte do Demônio, mezzo Homem Aranha, dá aquele toque de gênio na produção. Inclusive deve ter metido o bedelho no roteiro, nos colocando sempre em dúvida: ora estamos do lado dos invasores, ora do Homem nas Trevas. E tome cuidado com o cão maldito. PS: ...nas Trevas 2 já tá por aí!
O Sacrifício do Cervo Sagrado
Não entendi merda nenhuma. E num vem tirar onda que entendeu, porque é mentira! Apenas desconfio que temos regras cósmicas de compensação cármica, estipuladas pela força mística que rege o mundo: se você fudeu com a vida de alguém, tenha certeza que uma hora volta pra tu (em dobro). Mesmo que seja pelas vias da atuação de Barry Keoghan - de tão insuportável/pegajosa, chega ao brilhantismo, abafando os Colin Farrells e Nicole Kidmans do elenco. Tragédia grega, literalmente, reencenando Ifigênia pelas lentes de Yorgos Lanthimos (aquele grego maluco de O Lagosta).
Goodnight Mommy
Silencioso, premissa ótima, um primor de fotografia. Iluminação cuidadosíssima, aproveitando a luz natural nos melhores horários para gravar. É terror 90% diurno, mesma proposta ousada de Midsommar, porém realizado anos antes. A máscara do carrasco/mártir... Maravilhosamente simplista: ataduras e aparatos pós-cirurgia plástica. E aqueles gêmeos (ou era um só)? Psicopatia púbere em pura essência! Mas o que deu errado, então? Nada! Talvez eu é que não estava na vibe de torturas usando cola super bonder, fio dental e baratas de estimação.
Sobre o metido a resenhista: nascido na mitológica Caratinga (MG), Tiago Santos-Vieira fez voto de pobreza ao optar pelo Jornalismo (UFJF). Da miséria, passou à escravidão voluntária, trabalhando com periódicos em São Paulo (chegando a morar em um MOTEL). Foi um rasgo temporal produtivo, com publicações nas revistas Rolling Stone, Trip/TPM, Riders e no Diário de Guarulhos. Fechado esse ciclo, voltou à Terra do Nunca, vulgo Caratinga, passando uma temporada trancafiado num quarto escuro. Quando viu a luz, fora aprovado em um concurso público e estava grávido de um livro. Foi então morar em Brasília, onde, após sanguinolenta gestação, pariu o suspense Elos do Mau Agouro. Torna agora a Minas, publicando o infantil As Aventuras do Super Careca e o suspense Dança das Bestas. Siga o Autor: @santosvieiratiago