Nada como uma lista de bandas novas para afastar aquele papo furado de que o rock morreu, de que o rock tá chato, de que o rock sei-lá-o-que: tem muita gente boa fazendo som de qualidade pelos quatro cantos da galáxia! É só a gente expandir um pouco os horizontes e descobrir um tanto de bandas novas para ouvir durante essa quarentena, como se não houvesse amanhã (porque vai saber, né)...
Muito além de fake news e do gemidão, a internet tá aqui pra dar uma mãozinha quando você cansar de ouvir os mesmos discos, das mesmas bandas. Falo com tranquilidade, até em forma de poesia, se ajudar a fixar a ideia: os clássicos estarão sempre à disposição, no Spotify ou no discão, mas se do clássico você não abrir mão, como novos clássicos nascerão? Fica aí o repente de questionamento à leitora e ao leitor… Aproveita que você tem que ficar em casa e atualiza suas playlists, vai ;)
Mas aí você, no auge de sua sagacidade, me pergunta: “Vitor, por que são bandas novas para ouvir em 2020? Eu não posso ouvir depois?” Outros até podem vir mais exaltados: “Esse Vitor não sabe de nada, já conheço essas bandas faz tempo…” Vamos por partes:
1) Eu tô conhecendo essas bandas em meados de março de 2020, logo, pra mim são bandas novas, sim! Além do mais, o texto é meu, afinal…
2) Eu preciso de um título bom e chamativo pra fazer esse texto ficar bem no Google.
Explicações devidamente explicadas, vamos a essa magnífica seleção de bandas novas para ouvir durante a quarentena louca. No toque de três segundos… Prometo que não tem Greta Van Fleet... Um, dois, três, lá vai:
black midi
Sim, escreve com letras minúsculas mesmo. Formada em 2017, essa banda inglesa é composta por Geordie Greep (vocal e guitarra), Matt Kwasniewski-Kelvin (vocal e guitarra), Cameron Picton (vocal, baixo e sintetizadores) e Morgan Simpson (bateria): uma molecada que parece ter 15 anos. O nome da banda vem do "estilo musical" japonês que leva o mesmo nome e consiste num amontoado de sons usando os arquivos de MIDI.
Só que o som dos caras não tem nada a ver com o estilo que deu origem ao nome. Os ingleses fazem um som que navega do rock experimental ao pós-punk, com um pouco do chamado math rock, que por sua vez é uma mistura de indie com progressivo. Os caras só têm um disco, "Schlagenheim", lançado em 2019, que foi mais do que suficiente pra colocá-los no topo dos novos artistas mais promissores da atualidade.
Black Pumas
A banda Black Pumas já é mais conhecida e possivelmente você já até ouviu uma música ou outra dos caras. Trata-se de um duo que mistura música soul com rock e funk, diretamente de Austin, no Texas. No ano passado, a dupla formada pelo guitarrista e produtor musical Adrian Quesada e pelo frontman e vocalista Eric Burton foi indicada ao Grammy de melhor artista revelação (é esse o nome?) e os motivos a gente descobre logo que começa a escutar…
O primeiro álbum do duo, o auto-intitulado “Black Pumas”, foi lançado no ano passado, também conhecido como 2019, e é sem dúvidas um dos melhores trabalhos do ano! A música Colors é a mais conhecida dos caras, mas vale escutar o disco todo!
menores atos
Representando o rock nacional, chega esse power trio carioca formado por Cyro Sampaio (guitarra e vocal), Ricardo Mello (bateria) e Celso Lehnemann (baixo). Os caras não são novatos e já estão na cena há alguns bons anos, tendo participado de grandes festivais, como Bananada (GO), Locomotiva Fest (SP) e Se Rasgum (PA).
O som deles carrega o que há de melhor no rock alternativo, com ótimas letras e riffs pesadões. Depois do elogiado disco “Animalia”, de 2014, lançaram “Lapso”, em 2018, produzido pelo cascudo Gabriel Zander. Esse segundo álbum é uma porrada do início ao fim, um dos melhores lançamentos nacionais em muitos anos!
Black Pistol Fire
Voltando à seara das duplas, eis o duo canadense Black Pistol Fire. Formada em Toronto por Kevin McKeown e Eric Owen, a dupla está radicada em Austin, assim como o Black Pumas que falei ali em cima. O som dos caras é uma mistura do que há de mais clássico no southern rock com aquela veia do punk de garagem.
Em 2017 foram laureados pelo respeitadíssimo portal de música norte-americano Consequence of Sound como melhor performance do Voodoo Fest daquele ano… E olha que essa edição do festival contou com nomes do calibre de Foo Fighters, LCD Soundsystem, The Killers e mais uma galera baluda.
Mulamba
De Curitiba para o mundo, a banda Mulamba traz para o rock o que há de melhor na MPB. Carregadas de poesia, suas letras têm potência fora do comum, abordando temas necessários ao nosso cotidiano.
Composta exclusivamente por mulheres, a banda lançou "Mulamba", seu álbum de estreia em 2018 e esse foi sem dúvidas um dos melhores lançamentos daquele ano. Vale ouvir com o volume lá no alto pra sentir a pressão!
Pluralone
Uma das maiores notícias do mundo da música nos últimos meses foi o retorno de John Frusciante ao Red Hot Chili Peppers. Todo mundo ficou feliz! Quer dizer, quase todo mundo, porque Josh Klinghoffer, guitarrista que substituiu Frusciante na banda, ganhou um belo de um pé na bunda.
Josh foi responsável pelas seis cordas em dois álbuns, "I'm with You" (2011) e "The Getaway" (2016), emplacando alguns bons riffs e um monte de críticas sobre sua performance ao vivo. A verdade é que Josh é um músico excelente, só que pegou uma tarefa absurdamente tensa, que é substituir aquele que é ¾ da alma de uma das maiores bandas de todos os tempos.
Vida que segue, não é mesmo? Josh Klinghoffer aproveitou o término pra dar atenção ao Pluralone, seu projeto solo. O álbum de estreia do projeto, “To Be One With You”, de 2019, é muito bom! O mérito é tanto que chamou a atenção dos caras do Pearl Jam: Klinghoffer vai ficar responsável por abrir os shows da vindoura turnê da banda do Eddie Vedder. Ah, se todo término fosse assim...
Shame
Uma das influências declaradas da banda britânica Shame é o escritor Irvine Welsh, autor de "Trainspotting", o que por si só já chama a atenção. Seu disco de estreia, "Songs of Praise", de 2018,foi aclamado pela crítica especializada. As músicas carregam uma veia punk, com letras fortes
Em "One Rizla", os caras começam falando que suas unhas não são bem cuidadas e que sua voz não é a melhor que você já ouviu, mas que não dão a mínima pra isso... E aí fica clara a influência ácida de Welsh! Com um show cheio de energia, os ingleses tocaram no Brasil ano passado… Uma sonzeira pra fechar a conta desta primeira rodada de dicas!
É isso, acabamos por aqui… Tem dicas legais de sons pra ouvir nesse período de quarentena? Deixa seu comentário, vai, ajuda os amigos ;)