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Muito mais do que um herói, um marco

Há 49 anos surgia nas telas mexicanas um grande herói… Sigam-me os bons: é dia de falar de Chapolin Colorado!


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Muito mais do que um herói, um marco

Tudo bem, eu sei que um emblema de coração, antenas e um martelo de plástico não são a caracterização mais óbvia para um super-herói. Mas, vamos combinar, que as grandes armas de Chapolin não têm nada a ver com suas roupas ou acessórios.

Sendo o Polegar Vermelho parte do universo de Chespirito, não poderíamos esperar menos do que um protagonista que vestisse a ironia e tivesse a sátira como principal ferramenta de trabalho. No dia 28 de fevereiro de 1973, as telas mexicanas exibiam o primeiro episódio da série independente de Chapolin Colorado.

Contrastando com os musculosos heróis que ganhavam o mundo com suas capas e poderes que não poderiam ser detidos por nada além de uma pedra, nosso anti-herói latino vestia um collant vermelho e  uma cueca, e carregava algumas críticas sutis ao modelo capitalista norte-americano.

Não podemos nos esquecer que as criações de Chespirito têm suas raízes nas histórias e vivências mexicanas, que estão sempre presentes nos diálogos de seus personagens. Mas é importante destacar que a trama nunca teve como objetivo criticar os EUA como nação, tampouco incentivar a rivalidade.

Indo na contramão dos discursos agressivos, Chapolin aborda o assunto com bom-humor e sutileza, como afirma Roberto Bolaños no livro “O Diário do Chaves”: “Devemos estudar História sem gerar sentimentos de ódio; sem espírito de vingança. Não para piorar as coisas, e sim para melhorá-las. Em uma palavra: com Amor”.

Não é à toa que Chapolin tem como grande emblema o coração e ao longo de toda a história reforça que seus principais valores não se baseiam em vingança, força ou status, mas sim na justiça e no coração nobre.

Temos a tendência de nos inspirar nos grandes heróis norte-americanos, que por sua vez carregam na bagagem o amor pela sua própria nação e a exaltação de valores sustentados por uma cultura capitalista. Somos condicionados a adorar uma cultura que não fala sobre a nossa história e nem valoriza nossos próprios símbolos e é neste cenário que Chapolin surge.

Uma figura latina, que utiliza a sátira como ferramenta para abordar assuntos sérios de forma mais leve, com o objetivo de legitimar a história mexicana, criando seus próprios heróis.

Muito mais do que um herói com movimentos friamente calculados e uma astúcia jamais vista, Chapolin é também o símbolo de uma cultura rica que fala com amor e orgulho sobre a sua própria história. Sigam-me os bons!


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chapolin, chapolin colorado, tv, nostalgia, séries