Em terra de Youtube, toda testa é outdoor!
O nervo temporal pulsa em semi-derrame, a cada chamada para o Globo Play. Publicidade via TV aberta, convidando a pagar por conteúdo fechado na Internet: zona livre essencialmente. A contraposição requinta o esdrúxulo, quando outro bastião da televisão abre pernas à gratuidade de informação. Do aneurisma midiológico, se vai ao orgasmo estratégico, vendo os episódios do Masterchef integralmente disponibilizado no Youtube.
Oportunamente, salve o chef juizforano… E brindemos à Band, por estender a monetização de seu principal produto à Internet. Diferente da TV, se não há no Youtube intervalos para reclames publicitários, pesemos a mão no merchandising interno ao programa. Uma vez que os patrocinadores roteirizam o reality, estapeando a todo tempo o espectador/consumidor, o Masterchef é viável em qualquer território audiovisual. Então, nada de sustos: se o participante decepar o mindinho, e a câmera der mais importância ao Tramontina estampado na faca que ao sangue jorrando; ou se o chef Fogaça arregaçar suas mangas e, em close, revelar sua nova tatuagem: “Carrefour… Amor Eterno, Amor Verdadeiro!”.
Sanguinolência à parte, o modelo de** “um para todos”**, típico do conteudismo televisivo, jaz defunto frente à “cultura da propagação”. Agora, via redes sociais, todos trabalham em prol da circulação de um produto. E o mais interessante disso: o público faz DE GRAÇA. Sábio é o Magnata das mídias que se despe de vaidades, conseguindo lidar com a perda da propriedade intelectual sobre seu conteúdo. Condicioná-lo a pagamento, é o mesmo que pedir ao público que “tire as mãos da obra”. Ou melhor: que tire os dedos! Os mesmos dedos que tocam as telas dos smartphones e compartilham. E como dizem os teóricos: “o que não se propaga, morre!”. A propósito: seria interessante assistir o suicídio mercantil de quem ousa fechar conteúdos, né!?! Pera! Sejamos finos, não tripudiemos da desgraça alheia.
E o que isso tem a ver com o Masterchef, se o programa já acabou? Só na TV! Porque no Youtube, a reprodutibilidade dos “Carrefours e Tramontinas” segue ad eternum na ponta de dedos engajados, felizes pelo simples fato de compartilhar e contribuir para o sucesso de algo. Astuto é o Magnata que se atenta para a nova carência humana em distribuir informação, porque tão dispendioso quanto produzir, é impulsionar um produto via redes. Assim, usufrui-se de infinitos operários apaixonados, cientes de que seu trabalho é gratuito, aceitando como moeda o status de ter feito parte do triunfo de um programa… E a Band? Não descobriu a roda, nem o fogo, muito menos deu uma pernada na Globo… Apenas atinou para o que se esfrega nas faces: o Youtube não é um mero repositório de vídeos; sempre foi uma puta plataforma de negócios.
Sobre o Escriba: Ele não escreve apenas sobre “problematizações chiques”; também se atenta ao que realmente importa. Como o projeto social Dona Cegonha… Quer dar uma forcinha para gestantes carentes? É só acessar o link: https://www.facebook.com/donacegonhajf/ .