Manchete

Antes do atual, Layla Mufaza vivia com outro homem. Cheia de implantes, apliques e toda sorte de hormônios circulando pelo corpo, a escultural morena arrebatara outro coração. Seu ex-marido a tirou do meretrício, alugou-lhe um apartamento e abonou-a com mesadas. Numa noite, mexendo na carteira jogada no chão, Layla descobriu a verdadeira identidade do embriagado ao lado. Sem motivos, o ex-cônjuge dera-lhe um nome falso. Desde então não mais quis saber dele. Voltou para o bordel.

O homem começou a persegui-la, querendo-a de volta. Layla topou um programa. Concordou mediante pagamento de grossa quantia, pois passara por maus bocados. Foram para um motel e tiveram a última noite. A travesti nunca havia se deixado ver sem maquiagem. Naquele dia, saindo do chuveiro, fez questão de ser notada sem os apetrechos que conferiam feminilidade. O homem, ao deparar-se com aquele rosto, de um só golpe jogou Layla no chão. Saiu do motel em disparada, distanciou-se de carro alguns quilômetros, sacou o revólver no porta-luvas e... Estampou seu nome nos jornais.

Aos oito anos Layla Mufaza chamava-se Dimitri Vilotić. Sempre gostou de carrinhos e futebol. Jamais pediu à mãe uma boneca. Nunca foi surpreendido frente ao espelho, empunhando as maquiagens da irmã. Até brincava de médico com as meninas do bairro. Um dia, quando se divertia no porão jogando bola, seu braço foi agarrado e a boca tapada. Arrastado para um canto escuro, recebeu um golpe que o desacordou. Quando recobrou-se estava pelado, com o corpo todo dolorido e roxo.

Ao narrar o ocorrido para mãe foi desacreditado, adquirindo mais exemplares para sua coleção de hematomas. Se contasse para o pai, ela o espancaria novamente. Indignado, Dimitri passou a noite em claro. Ao amanhecer fugiu de casa. Seu tio materno terminou a faculdade, arrumou um bom emprego, apaixonou-se e deu um tiro na cabeça.

Sobre o Escriba: foi Layla em outra vida, no Leste Europeu. E o sobrenome Mufaza... Sim! Roubou do pai do Simba!