Desde 2009, o dia 5 de março é considerado o Dia Nacional da Música Clássica. A escolha da data não foi por acaso: neste mesmo dia, só que no ano de 1887, nascia Heitor Villa-Lobos - não só um dos mais importantes compositores do Brasil como também maestro, violoncelista, pianista e violonista.
Para comemorar esta data, batemos um papo com o Maestro Rodrigo Toffolo, regente e fundador da Orquestra que, além de ser parceira nossa, já fazia bonito 9 anos antes dessa data existir, lá em 2000. A Orquestra Ouro Preto é motivo de orgulho não só para Minas, mas para o país inteiro. Seu estilo único de introduzir a música erudita em canções do imaginário popular garante sucesso e admiração até de quem jamais imaginaria poder assistir uma apresentação de tamanha grandiosidade.
Muito além de um gênero, a música clássica exerce papel fundamental na criação de oportunidades através de projetos sociais por todo o país. A Orquestra Ouro Preto também faz a sua parte retribuindo todo o apoio da comunidade e nos enchendo ainda mais de orgulho.
Confira a entrevista:
Quais são as frentes de atuação da Orquestra Ouro Preto?
A Orquestra Ouro Preto é um grupo de vanguarda, focado na democratização do acesso à cultura, na formação de novos públicos e na realização de projetos sociais e educacionais. Sob os signos da excelência e da versatilidade, nosso fazer musical compreende repertórios variados em gênero e época, que não se pautam por limites e sim, por desafios. Assim, construímos uma ponte, que antes parecia invisível, ligando a música de concerto ao coração de muita gente, seja tocando nos distritos de Ouro Preto ou nas principais salas de concerto do Brasil e do mundo. E manter essa relação é uma responsabilidade grande. Por isso, seguimos extrapolando o convencional, apostando na criatividade artística para descobrir novos caminhos, esperando sempre instigar a curiosidade de “novatos” ao mundo erudito. Espalhar a música de concerto, para que mais pessoas tenham acesso é o que nos move.
Na sua visão, porque a música clássica ainda é tão afastada do cotidiano da maior parte das pessoas?
Acho que são questões importantes e diferentes: a primeira é a oferta de música no dia a dia das pessoas. No passado a música de concerto estava mais presente, até na TV aberta como, por exemplo, os célebres "Concertos para a Juventude". Isso ajudava a propagar e a aproximar as pessoas desta música que é linda, especial e que nos fala diretamente ao coração. Outro ponto está no fato das orquestras, de alguma forma, se fecharem em torno de sua programação artística apenas oferecendo a seu público, não se preocupando em abrir um diálogo. Isso tem mudado bastante nos últimos tempos, e muitas vêm se abrindo a cada dia e, com isso, aumentando o número de pessoas que tem acesso à música de concerto. Sorte de todos!
Como você acha que é possível popularizá-la?
Acreditamos na transformação de realidades sociais por meio da cultura. E promover concertos com repertórios diferenciados, apresentações gratuitas ou a preços populares que atendem diferentes classes sociais são alguns dos caminhos. Somado a isso, os projetos socioeducacionais também são de grande importância. Na Orquestra Ouro Preto atuamos além da música para capacitar crianças, jovens instrumentistas, além de valorizar as tradicionais bandas de música.
Como vocês atuam nesses projetos?
Em 2019, criamos a Academia Orquestra Ouro Preto sob o signo da inclusão, com a proposta de aperfeiçoar e lapidar o talento de jovens músicos já iniciados, mas que encontravam obstáculos para dar se tornarem profissionais. O projeto, que já nasceu como referência em Minas Gerais, conta com 42 jovens bolsistas com idade entre 18 e 28 anos, que têm em comum a paixão pela música. Por meio do Núcleo de Apoio a Bandas, oferecemos oficinas e workshops em 13 cidades do interior de Minas, do Espírito Santo e também no Nordeste, chegamos no interior do Ceará e Rio Grande do Norte. Já capacitamos mais de 400 regentes, professores e instrumentistas das tradicionais corporações musicais. A ideia é que eles sejam multiplicadores em suas comunidades. Queremos mostrar para essas pessoas a música como modo de vida possível, e dar oportunidades de inserção no mercado, através de um trabalho prático e, sobretudo, humano.
Quais são os planos e próximos passos para o futuro?
Estamos planejando um ano agitado com concertos inéditos e a continuação de nossos projetos artísticos e socioeducacionais. A temporada começa ainda neste mês de março com um concerto especial que resgata a música da década de 1980 e os sucessos da banda A-ha. Estamos de volta com a Série Domingos Clássicos, que apresenta um concerto mensal no Sesc Palladium, em Belo Horizonte-MG, inicialmente no formato híbrido. Teremos ainda uma homenagem especial ao compositor mineiro Vander Lee, a nova parceria com compositor João Bosco, lançamento do disco “Valencianas II” e até uma ópera grunge, que vai celebrar os 30 anos do disco “Nevermind”, do Nirvana. Será um ano diversificado, que terá um pouco de tudo dentro da nossa proposta de excelência e versatilidade.
A música clássica é um lindo exemplo de música sentida e compreendida a partir da subjetividade de quem ouve. E o repertório rico da Orquestra Ouro Preto, nos palcos e nas salas de aula, vem mostrar que música é oportunidade - e sempre para todos.
E para você se inspirar e vestir música por aí: conheça nossa coleção em parceria com a Orquestra Ouro Preto.