Dicas de newsletters - Cartinhas “mudernas”
Descobri a troca de cartas muito cedo porque fazia um baita sentido pra mim a possibilidade de cultivar os afetos derrubando as fronteiras de distância e saudade ou, simplesmente, dando conta de falar ali, por escrito, o que saía melhor no papel que verbalizado. Claro que quando eu era criança pequena lá em Barbacena não teorizava muito a coisa toda, mas sabia que aquele ritual de escrever e receber cartas me deixava feliz e isso quase sempre é medida suficiente.
Eu tinha uma turma das boas que se reunia na cidadezinha (uso o diminutivo porque Barbacena era umas dez vezes maior) dos meus avós, os amigos que nasceram lá e os que visitavam nas férias e feriados. Acontece que usar telefone pra bater o papo com a frequência que a gente queria custava caro e envolvia uma operação de alta complexidade: “o fulano está?, “desliga a extensão, ciclano, já peguei!”. Então alguém apresentou a ideia nova que foi como combustível de uma revolução, a gente ia começar uma troca de cartas.
Não me lembro de qual mente genial partiu a ideia, mas a febre não foi passageira como a do caderno de perguntas. Alguém do grupo – provavelmente tendo um adulto como mentor intelectual – ainda nos apresentou o conceito de carta social. Com um envelope branco de pequenas dimensões com os dizeres “carta social”, uma moeda de um centavo para pagar a ECT e o cuidado com a gramatura do material a carregar nossas revoluções cotidianas, nossa carta ganhava asas. O tempo sempre apurado também voou e o e-mail foi garantir o alcance do palavrório. Nossa parceria é fiel. É com o e-mail que me viro “muito bem, obrigada!” sem nunca ter tido Facebook.
Eis que descubro este ano que as pessoas estão usando newsletters para mandar conteúdos pessoais e produzindo coisa muito bacana e original direcionada à caixa de entrada dos assinantes. E, ao que minha pesquisa indica, as newsletters começaram a fazer sucesso no Brasil ano passado. Talvez por serem mais intimistas, não tenham chegado fazendo um estardalhaço geral porque o barulho delas é mais dirigido. Você escolhe assinar uma newsletter sobre algo que faz sentido para você. Como a interatividade não é publicada em praça pública, tem muita gente curtindo as newsletters, tanto como produtor quanto consumidor. Um link que deixa tudo bem explicadinho.
Ainda estou descobrindo o fantástico mundo das newsletters, mas já deixo aqui algumas dicas e espero receber outras.
Newsletters para você seguir
**Para que isso, de dar asas às palavras, nunca saia de moda.**1) Outra cozinha: http://tinyletter.com/carla_soares
Carla Soares acredita que escrever sobre “comida é só uma desculpa pra falar sobre coisas que mantém a gente vivo: afeto, partilha, cuidado e experiências.” A newsletter é cozida em fogo brando, os textos chegam uma vez por mês.
2) Queria ser grande, mas desisti: http://tinyletter.com/babibomangelo
Bárbara Bom Angelo manda um texto bacanudo por semana e uma seleção de links danada de boa.
3) Sou meio vagabunda, mas sou boa pessoa: http://tinyletter.com/taizze
Segundo Taize Odelli, “um pouco de livros, um pouco de gatos, um pouco de outras coisas sem nexo algum.”
4) Uma newsletter: https://tinyletter.com/alinevalek/
Aline Valek traz novidades sobre o trabalho. Os “últimos textos. O que anda lendo, escrevendo, ilustrando, inventando”.