Em meados da década de 1930, surgiu no nordeste brasileiro um novo gênero musical que, pouco tempo depois, conquistaria todo o Brasil: o forró. Através do poeta, cantor e compositor Luiz Gonzaga, o ritmo do arrasta pé ganhou vida por meio de três instrumentos: sanfona, triângulo e zabumba.
Com letras que falam sobre as vivências do povo nordestino, o forró é um estilo musical marcado por elementos que exaltam a cultura do sertão, como a dança e os instrumentos utilizados. Além do grande Gonzaguinha, o gênero também teve outros representantes de peso, como Dominguinhos, Jackson do Pandeiro e Sivuca.
Neste texto, vamos explorar as origens do forró e seus significados para a cultura do nordeste. Então já pega seu cafezinho e vem com a gente conhecer mais sobre esse famoso gênero musical.
Como surgiu o forró?
Existem algumas teorias sobre como a palavra “forró” surgiu. De acordo com a Enciclopédia da Música Brasileira, o termo é derivado de uma palavra africana “Forrobodó”, que segundo o Dicionário Aurélio significa: arrasta-pé, farra, troça.
Já uma segunda teoria, diz que a palavra é derivada do termo inglês “for all” e faz referência a época que os funcionários ingleses trabalhavam na construção de ferrovias em Pernambuco e davam festas abertas ao público, com placas na entrada que carregavam o termo “for all”. Com o passar do tempo, o termo foi absorvido pelo português dando origem à palavra “forró”.
Teorias à parte, a palavra forró foi registrada oficialmente pela primeira vez no ano de 1937, na música “Forró na roça”, lançada por Manuel Queirós e Xerém. Foi a partir desse momento que o forró começou a ser mais difundido como gênero musical.
Como o forró se espalhou pelo Brasil?
Em 1949, Luiz Gonzaga gravou a música “Forró de Mané Vito” que fez com que todo o Brasil voltasse sua atenção para o forró. Além de popularizar a cultura nordestina, o forró também chamou atenção para a forte presença de instrumentos como sanfona e acordeon, que embalam boa parte das canções.
À medida que o forró ia se popularizando, novos instrumentos eram utilizados e o estilo começou a ganhar novos sons e ritmos cada vez mais originais, utilizando guitarras elétricas, teclado, saxofone, baixo e por aí vai. Isso fez com que a história do forró passasse a ser separada em três momentos principais.
A primeira fase foi marcada pela forte influência de Luiz Gonzaga, considerado também o responsável por abrir as portas para outros artistas como Jackson do Pandeiro, Dominguinhos, Sivuca, entre tantos outros.
Já em 1975, o ritmo ganhou novos sons, misturando o forró tradicional com influências do rock e do pop. Esse momento é considerado como a segunda fase do forró e tem como principais nomes artistas, como: Alceu Valença, Geraldo Azevedo, Elba Ramalho, Zé Ramalho, Gilberto Gil, e Nando Cordel.
Por fim, os anos 90 foram marcados pelo forró eletrônico, com ritmos mais estilizados que bebiam um pouco na fonte do sertanejo. Os grupos e cantores que marcaram essa fase se destacaram também pela presença de bailarinas no palco, o que até então não era comum para o estilo.
Dentre os artistas de destaque do forró eletrônico podemos destacar bandas como Calcinha Preta, Aviões do Forró, Magníficos e muitos outros.
Quais são os tipos de forró?
Todo mundo sabe que o forró possui um ritmo contagiante e animado que quase tem o poder de fazer nosso pé mexer sozinho, como se o corpo se entregasse à música. Mas o que alguns não sabem é que existem diversos gêneros que passaram a fazer parte da cultura do forró. Confira alguns deles:
Baião:
Tradicional do nordeste brasileiro, o Baião é um ritmo que tem origem no Lundu Africano e nas danças indianas. Tendo como instrumentos mais presentes o acordeon, a viola caipira, o triângulo e a flauta, o ritmo foi amplamente difundido por Luiz Gonzaga, considerado o grande Rei do Baião.
Xote:
Graças ao forró, todo mundo descobriu que o xote é um ritmo que faz milagre acontecer, mas apesar do gênero ter sido adaptado a nossa cultura, ele tem origem nas danças de salão portuguesas e também alemãs, chegando finalmente ao Brasil em meados de 1851.
No início, o ritmo era festejado nos bailes aristocratas, mas rapidamente se popularizou, adquirindo novas características em cada estado por onde passava.
Xaxado:
Dos costumes e tradições sertanejas nasceu o xaxado, uma dança em círculos e fila indiana, onde os pés dão ritmo ao xa-xa-xa do arrastar das sandálias. Com origem em Pernambuco, o estilo tem influências da cultura indigena e já estava presente na cultura brasileira desde a época do cangaço.
Rojão:
Marcado pelo seu ritmo acelerado, o rojão é um ritmo popular no nordeste também conhecido como “forró sambado”. Marcado pelos acordes da viola, o rojão é formado a partir de pequenos trechos musicais que formam uma espécie de desafio de cantos improvisados, onde um fala e o outro responde.