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Generalidades e mourãolidades do pleito

Tá! Não pode falar do “1° colocado”. Nem do isentão pavio curto, que vai tirar seu nome do Serasa. Muito menos da moça das sobrancelhas livres - até porque as taturanas são dela e ninguém tem nada com isso. Também não falemos do picolé de chuchu.


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Generalidades e mourãolidades do pleito

Tá! Não pode falar do “1° colocado”. Nem do isentão pavio curto, que vai tirar seu nome do Serasa. Muito menos da moça das sobrancelhas livres - até porque as taturanas são dela e ninguém tem nada com isso. Também não falemos do picolé de chuchu do partido bicudo, nem do dono do Banco Imobiliário ou do Vovôzinho Ministro. Caduco, o último esqueceu-se quão competente era, quando ajudou os colegas de asilo a reformar a Previdência.

No quesito senilidade, tem aquele outro Vovô, que de tanto botox repuxando a boca, prejudicou-lhe a dicção no verbalizar das plataformas. Também não falaremos do “com teto” agitador do movimento “sem teto” - usufrutuário da língua como escada, emergindo dentre candidatos nanicos. Muito menos da chapa que, na prorrogação, avacalhou o 2° turno do centro-esquerdista-inteligente-esquentadinho. Aquela mesma chapa de titular e vice charmosos, cujo discurso tá preso na cela, onde o caudilho joga pôquer com agentes da PF.

Queria mesmo era falar de um sábio, de calibre mais grosso que os bigodes do Levy Fidelix (outro gênio-só-que-não). Mas meu candidato fugiu dos debates e entrevistas! O bombeiro-pastor só quer saber agora de derrubar Estátuas da Liberdade, fincadas nos estacionamentos das Lojas Havan. Mais paradoxal que o nome da boutique remeter à capital cubana e ter o formato da Casa Branca... É meu candidato ter revelado a conspiração para implementar a U.R.S.A.L. Ainda penso em Neymar e Cavani, com Suarez centralizado, e Messi recuado distribuindo bola... É de glorificar de pé Senhor!

Porra, me deixem citar pelo menos um nome! Só unzinho?! Nem é presidenciável, é vice do cara lá, que chamo de “1° colocado” temendo as aranhas algorítmicas das redes sociais - pescando-o e arremessando nos trending topics, com todas hashtags possíveis. Não falo seu nome também porque sou juizforano de coração, o que involuntariamente coloca uma peixeira na minha cintura - mesmo que contra violência, até a seus insufladores.

Pensando bem, num vou dar mesmo milho aos aracnídeos pescadores: não direi também o nome desse vice. Usarei vice-Generalzão! Mas então: tens pele e feições bem cafuzas, pra alguém que não tolera índios e quilombolas. E ainda que nós tupiniquins tenhamos a latinidade fajuta... Que ódio é esse aos irmãos sul-americanos? Vice-Generalzão aspirando ao Palácio do Planalto, cheira a picanha preparada por Salt Bae à Nicolás Maduro. O primeiro: aquele churrasqueiro youtuber, que tempera bifes com mãozinha de ganso. O segundo: suplente empossado na morte de um militar; que hoje devora cortes nobres enquanto seu povo come carne podre. Mesmo assim desejo sorte no pleito ao vice-Generalzão... De um autêntico Filho de Vó, que não virou traficante e, sim, Escritor. O que é quase a mesma coisa, né?!

Sobre o Escriba: te enrolou até o último parágrafo para isso! Nunca deixe de refletir sobre a constatação do General: “onde não há Pai nem Avô, é Mãe e Avó [temos] uma fábrica de elementos desajustados e que tendem a ingressar em narco-quadrilhas” [esse trecho foi editado pelo Autor, mas corrobora com a fala completa].


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crônica, tiago santos-vieira


Escrito por

Tiago Santos-Vieira

Escritor e jornalista; é autor dos livros Dança das Bestas, Elos do Mau Agouro e As Aventuras do Super Careca. Foi colaborador das revistas Rolling Stone, Trip/TPM e é brother da Chico Rei.