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“Negra e cacheada com orgulho!” - Conheça a artista Lhaiza Morena

Ela se firmou na representação artística de crespas e cacheadas. No Dia da Consciência Negra, batemos um papo com Lhaiza Morena, uma das parceiras mais antigas da Chico Rei, sobre a necessidade de representatividade na arte.


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“Negra e cacheada com orgulho!” - Conheça a artista Lhaiza Morena

A soteropolitana Lhaiza Morena é uma das parceiras mais antigas da Chico Rei. Negra e cacheada com orgulho, a artista de 30 anos se firmou na representação de crespas e cacheadas. Lhaiza começou a ilustrar profissionalmente há 8 anos fazendo caricaturas para noivos, mas foi pela falta de identificação com as artes que via nas redes sociais que ela encontrou seu estilo. Batemos um papo bem legal com Lhaiza sobre a necessidade de representatividade na arte. Vem com a gente!


Chico Rei: Como a sua história pessoal e sua ilustração dialogam?

Lhaiza: Eu escolhi representar personagens negras nas minhas ilustrações porque eu não me identificava com as artes que via. Quando comecei a postar nas redes sociais, não havia ilustradores que faziam personagens negras ou cacheadas/crespas, apenas brancas e cabelos lisos. Isso me incomodou e eu comecei a só desenhar negras e crespas. E não imaginava que tanta gente veria e se identificaria.

Chico Rei: Quais artistas negros são referências para você?

Lhaiza: Sou apaixonada pelo traço e estilo das ilustradoras Geneva e Vashti Harrison. Na música, minha paixão é a Alicia Keys, a admiro muito além da música. Recentemente conheci a H.E.R. que não sai mais da minha playlist. E eu ouço muito R&B, então tenho também muita influência da música negra.

Chico Rei: Qual é a importância da representatividade em seu trabalho como artista? A gente pode entendê-lo também como um ato político?

Lhaiza: Eu faço esse tipo de arte até hoje porque eu desejei ver as pessoas se identificando com elas, como eu queria também. Então meu objetivo é fazer com que mulheres como eu se sintam representadas e vistas. Agora que alcancei as mulheres e mães, quero levar isso para as crianças também.

Chico Rei: Como isso moveu seu encontro com o seu estilo de ilustração repleto de personagens crespas e cacheadas?

Lhaiza: Quando eu estava buscando desenvolver meu estilo próprio, eu me inspirava em artistas brancos, que nos seus personagens tinham características faciais mais finas: nariz, boca... Eu não estava satisfeita porque parecia igual a todos os outros estilos. Quando decidi ir para a representatividade, busquei muitas referências de negros e de arte negra. Foi mais fácil achar meu estilo e ficar satisfeita com o que eu estava desenvolvendo. E representar as personagens com os cabelos bem volumosos, crespos e cacheados foi a cereja do bolo porque as pessoas estavam começando com a aceitação das suas raízes e do seu cabelo natural.

Chico Rei: Que retorno você tem do público que tradicionalmente não se via representado nas ilustrações e descobre seu trabalho?

Lhaiza: Ler mensagens como: "Nossa, como ela se parece comigo!", "Quando sair da transição, quero o meu cabelo igual ao dela." ou "Suas ilustrações me deram coragem pra aceitar como eu sou!" aquece o coração e me dá a sensação de dever cumprido. Uma mãe me contou que não sabia mais o que fazer com a filha porque ela não gostava do seu cabelo cacheado. Ela mostrava fotos de outras meninas com o cabelo igual ao dela, mas não estava dando muito certo. Quando ela ia pra escola, enchia o cabelo de creme, pra ele ficar sem volume (até me enviou foto). Mas então ela achou meu perfil e disse que mostraria para a filha os desenhos, já que hoje em dia os desenhos animados só têm personagens brancas, de cabelos lisos ou ondulados e era o que a filha dela assistia. Da última vez que ela falou comigo, disse que a filha tinha amado muito os desenhos e parou de usar tanto creme nos cabelos. Ela ainda não deixava volumoso, mas estava ficando mais confiante. Isso só mostra que eu ainda posso fazer muita coisa, principalmente para as crianças.

Você pode conferir o trabalho da Lhaiza Morena no Instagram e na nossa galeria de artistas.

Lhaiza também nos presenteou com algumas ilustrações que considera mais significativas em seu trabalho.


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