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Cordel: o que é, características e autores!

O Cordel é uma manifestação popular famosa no Nordeste do Brasil.


• 8 mins de leitura
Cordel: o que é, características e autores!

Como você já deve ter percebido, rimas não faltam quando o assunto é cordel e essa manifestação literária é, até os dias de hoje, uma grande inspiração para alguns dos maiores artistas brasileiros.

No post de hoje, vamos te contar sobre o que é a literatura de cordel, que passa pelo véu das poesias brasileiras, suas origens, características e mostrar alguns dos principais autores de cordéis.

Olhando nesse lindo céu você vai aprender um pouco mais sobre a boniteza dos folhetos. Vem com a gente!

O que é Cordel?

Em poucas palavras, o cordel são folhetos com dizeres e poemas populares escritos em forma de rima. Originalmente eles eram pendurados em cordas ou córdeis, dando origem ao nome. As histórias são plurais e, geralmente falam sobre questões presentes no cotidiano, utilizando do humor e da ironia para compor os versos.

Além disso, muitos deles são ilustrados com xilogravuras, uma técnica em que os artesãos gravam as figuras em madeira que, psoteriormente, são passadas para o papel.

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Origem do Cordel

A origem do Cordel se dá lá em Portugal em meados dos século XII e XIII, e no seu início contava histórias através de rimas para as pessoas que não sabiam ler. Com isso, no século XVIII, começou a se popularizar no Brasil através do relato do folclore e dos acontecimentos cotidianos que encantavam quem ouvia.

Já não era mais novidade que o cordel estava cada vez mais forte no Brasil, tanto que se tornou uma poesia popular que reverbera até os dias de hoje. Adquiriu um pouco de cada região, principalmente da terra nordestina, e seu objetivo sempre foi retratar momentos através das rimas profundas de quem compõe.

Características da literatura de cordel

É interessante destacar que a literatura de cordel tem origem estrangeira, uma vez que veio de Portugal, entretanto, quando chegou ao Brasil, passou por algumas mudanças para poder se enquadrar com as regionalidades daqui e com o dia a dia de quem consumia a poesia e a produzia em terras nacionais.

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Xilogravuras de cordel: Mudança de sertanejo, retrata uma família nordestina se retirando do sertão

Ao falarmos do cordel enquanto literatura, podemos imaginar livros, porém não são: o cordel tem sua forma tradicional em folhetos, que seria 1/4 de uma folha de papel A4. Apesar de ter escrituras nos folhetos de cordel, não é uma poesia que se lê, é a poesia que se fala!

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Os córdeis são escritos em folheto para que ele possa ser repassado para outras pessoas, por isso, a primeira fase dele é escrita e depois a oração, para deixar registrado o que é para ser dito ou, até mesmo, cantado se for o caso – mas aguarde, pois ainda neste post vamos falar um pouco sobre a influência do Cordel na música!

Uma característica marcante dos cordéis é a ilustração que o acompanha, mais conhecida como xilogravura. Os desenhos de cordel podem ser feitos tanto nos folhetos quanto em madeira e hoje ele se popularizando, fazendo parte até de abertura de novelas.

O que é o cordelista?

O profissional que escreve os cordéis se chama Cordelista e passa um bom tempo preparando e escrevendo seus cordéis, pois faz parte do seu trabalho repassar oralmente o que escreveu. Assim, os folhetos se completam de poesias atemporais que trazem o sentimentalismo e a mais pura realidade com a vivência de cada cordelista.

Quem trouxe o Cordel para o Brasil?

Como já citamos, o cordel tem origem em Portugal e chegou ao Brasil juntamente com os portugueses que propagaram a cultura pelo país, principalmente nas regiões nordestinas, onde a literatura de cordel nacional nasceu e se tornou uma referência para o país.

Ao chegar em terras brasileiras, o cordel foi ganhando novos significados e se adaptou a nossa cultura, por meio de xilogravuras e rimas que retratavam a realidade do povo brasileiro.

Tipos de Cordel

Existem diferentes tipos de cordel e cada um possui caracterísiticas marcantes que podem influenciar na forma de escrever ou de contar a história, influenciando o ritmo do poema e a forma como ele é criado. Abaixo, selecionamos dois tipos de cordel para você conhecer.

Repente:

O repente é um canto improvisado, gênero artístico que acontece "de repente", o improviso com rapidez que é o verso feito na hora. Os repentistas tem o repente como um gênero musical que já é sucesso no nosso país em competições e apresentações. Quem realiza o repente une as palavras nos tradicionais 6 versos que são divididos em 7 sílabas métricas, sendo a última a tônica que dá fim a um verso para começar outro.

Xilogravura de cordel: A moça roubada, retrata um casal apaixonado fugindo anoite
Xilogravura de cordel: A moça roubada, retrata um casal apaixonado fugindo anoite

Com essa estrutura, é muito mais fácil de praticar o repente e logo as rimas começam a se formar. Como dizem os grandes poetas, "é só deixar as palavras se irem pelo ar e o repente se formar". As rimas são colocadas a cada dois versos, ou seja, na que possui 6 versos, elas estariam posicionadas no 2°, 4° e 6° com palavras que terminam com a mesma tônica, por exemplo: chão, coração, canção.

Embolada:

A poesia cantada já é tradição, com a embolada conseguimos ver a união do pandeiro e da voz entre duas pessoas que realizam versos improvisando, os quais se completam assim que um termina sua parte, ou seja, a cada 4 versos o companheiro continua complementando com suas rimas que foram criadas enquanto as outras eram passadas.

É uma forma de expressão que necessita de técnica e treino, uma vez que a estrutura se assemelha do repente e precisa dar sentido ao que está sendo cantado. Por isso os emboladores são tão aclamados, usam da métrica e um tema que se transformam em rimas que marcam histórias.

A partir da concordância e do repertório de experiências de cada cantor, é possível entender o sentimento, a poesia, filosofia, saudade e sensação que cada um transmite para quem está ouvindo. É mais do que uma disputa entre dois cantores, é a conexão dos versos que contrapõem com a realidade de cada um que está presente nas apresentações e amostras da Embolada, assim como dos cordéis ditos em público ou diretamente.

Principais autores de cordel no Brasil

Na arte brasileira, grandes nomes tiveram suas raízes no cordel, artistas esses que deixaram seus legados com a poesia profunda de cada obra e outros que continuam até hoje trazendo essa expressão riquíssima em cultura. Não só os que já fizeram história um dia, mas também quem está começando, conheça alguns deles:

Luiz Gonzaga

Luiz Gonzaga do Nascimento, um dos maiores ícones de brasilidade, nasceu no dia 13/12/1912. Filho de lavradores, Gonzaga costumava ajudar seu pai a tocar e popularizou o forró, o xote e o baião quando fugiu de casa, depois de ser impedido por seus pais de se casar com a filha do coronel.

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Ao fugir, se alistou no exército e depois dessa jornada ele ingressou ao Rio de Janeiro, dando início à sua fama e sua carreira musical pioneiríssima, que deu segmento a novos estilos musicais e expandiu as possibilidades de fazer musica.

xilogravuras de cordel, retrata um bande de cangaceiro no sertão
xilogravuras de cordel, retrata um bando de cangaceiro

Suas influências com a arte nordestina, principalmente os cordéis, fizeram com que seu repertório musical fosse incomparável. Luiz Gonzaga continua trazendo a nós essa poesia artística por meio de suas rimas e composições influenciando a arte brasileira até o hoje!

Hoje acordei saudoso
Do nobre Rei do Baião
Que tanto alegrou o povo
Da cidade e do Sertão
Luiz Gonzaga é o seu nome
E o apelido é Gonzagão

— Trecho Cordel Luiz Gonzaga

Se você é brasileiro, conhece "Asa Branca", um de seus maiores sucessos, que conta um pouco da realidade dura através de rimas leves que balançam com a vida. Um ritmo único, com melodia encantadora, quem ouve nunca esquece.

Leandro Gomes de Barros

Leandro Gomes de Barros foi um poeta da literatura de cordel brasileiro, nascido em Pombal, no Paraíba, e foi o primeiro a escrever e editar historias versadas em folhetos, os famosos cordéis. Foi autor de obras que nos marcam até os dias de hoje, como, por exemplo "O cavalo que defecava dinheiro", que, poucos anos depois, inspirou Ariano Suassuna a escrever O Alto da Compadecida, grande marco na arte brasileira, que também usou das influências nordestinas através de cordéis e outras obras literárias para se expressar.

Não se vê uma folha verde
Em todo aquele sertão
Não há um ente d'aqueles
Que mostre satisfação
Os touros que nas fazendas
Entravam em lutas tremendas,
Hoje nem vão mais o campo
É um sítio de amarguras
Nem mais nas noites escuras
Lampeja um só pirilampo

— Trecho Cordel Leandro Gomes de Barros

Dalinha Catunda

Maria de Lourdes Aragão Catunda é uma cearense que é mais conhecida como Dalinha Catunda. O blog Cordel de Saia criado por ela contém produções incríveis de cordelistas brasileiras. Dalinha é um grande escritora brasileira de cordéis que também eleva as vozes das mulheres que amam essa arte e ecoam suas vozes com o poema popular.

O homem é mestre no verso
E a mulher nunca se acanha
Rodando a saia com manha
Ingressa nesse universo
Encara tema diverso
Na cultura popular,
Ocupando seu lugar
E faz bem o seu papel
Se tem mulher no cordel
Você tem que respeitar

— Trecho Cordel Dalinha Catunda

Ariano Suassuna

Xilogravura colorida da obra: O auto da compadecida
Xilogravura de cordel colorida, retrata a obra: O auto da compadecida.

O grande escritor de "O alto da Compadecida", também é nordestino e cresceu com as raízes do Cordel juntamente com a influência de Leandro Gomes de Barros. Nasceu em 1927 em Joao Pessoa e cresceu no sertão paraibano, que inspirou várias de suas histórias.

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A produção de suas obras não parava de crescer, conseguindo realizar mais de 18 peças de teatro e mais de 30 livros de ficção, poemas e versos, que foram traduzidos em mais de 10 línguas rodando o mundo.

Ave Musa incandescente
do deserto do Sertão!
Forje, no Sol do meu Sangue,
o Trono do meu clarão:
cante as Pedras encantadas
e a Catedral Soterrada,
Castelo deste meu Chão!

— Trecho Cordel Ariano Suassuna

Arievaldo Viana Lima

Grande radialista e também publicitário, Arievaldo recitava e compunha seus poemas desde criança, entretanto só teve seus folhetos divulgados em sua juventude, em meados de 1989. Desde então, não parou de produzir e continuou realizando projetos e poemas ao redor do país. Criador do projeto que incentiva a alfabetização de jovens e adultos através da poesia popular, o ACORDA CORDEL, é um dos grandes nomes do cordel brasileiro.

Supremo Ser Incriado
Santo Deus Onipotente
Manda teus raios de luz
Ilumina a minha mente
Para transformar em versos
Uma história comovente

— Trecho Cordel Arievaldo Viana Lima


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cordel, literatura de cordel, ariano suassuna