Ao privar uma pessoa de sua liberdade, o sistema prisional brasileiro tem, em tese, o objetivo de forçar uma reflexão sobre o dano que foi gerado à sociedade.
Desse modo, visa prevenir novos crimes e punir pelo que ocorreu, preparando o indivíduo para o seu retorno ao convívio social.
Mas a realidade é que, em um contexto precário e com um déficit de mais de 200 mil vagas, esses objetivos estão longe de ser alcançados.
Em vez de prevenir novos crimes, o sistema acaba se tornando uma máquina de prender: em 30 anos a taxa de aprisionamento no Brasil cresceu 421%.
E não vivemos em uma sociedade mais segura ou menos violenta por isso.
- O Brasil tem 807.145 pessoas presas.
- É o 3º país com mais presos no mundo.
- Em proporção, são 318 a cada 100 mil habitantes.
- A média mundial é de 145.
Os presídios brasileiros se transformaram em depósitos de pessoas marginalizadas, resultado de uma sociedade que ignora suas responsabilidades, cobra por soluções urgentes para o combate à criminalidade e elege propostas fáceis e rápidas para problemas complexos e dolorosos.
O sistema prisional falha feio em sua função de reinserir indivíduos na sociedade:
Apenas 31,35% dos presos estão envolvidos em algum tipo de atividade laboral ou educacional.
Uma pessoa é presa, privada de estudar, trabalhar e às vezes até do contato com a sua família.
Cria vínculos com grandes facções criminosas, volta para uma sociedade que acredita que, por ter cometido um crime uma vez, ela vai ser eternamente criminosa e não existe nenhum suporte para inserção nesse novo contexto. O resultado é quase óbvio.
Apresentamos um vídeo que é um convite à reflexão:
O objetivo é fomentar o diálogo. Acreditamos que as respostas são complexas e devem ser construídas em conjunto enquanto sociedade.
Bandido bom é ex-bandido
Falamos acima que o sistema prisional brasileiro falha feio em sua função de reinserir indivíduos na sociedade:
Além de toda a precariedade e superlotação, apenas 31,35% dos presos estão envolvidos em algum tipo de atividade laboral ou educacional.
Assim, seguimos alimentando a nossa máquina de aprisionamento no Brasil:
Pelo menos 1 a cada 4 ex-detentos no país volta a ser condenado por algum crime em menos de 5 anos.
Isso acontece porque o sistema cumpre de forma exagerada o seu papel de punir, mas negligencia e falha no que diz respeito à educação e à ressocialização.
Os presídios não podem ser vistos como locais separados da sociedade, ao mesmo tempo em que um indivíduo privado de liberdade não deixa de ser cidadão.
Em todo esse contexto, uma coisa é certa: essas pessoas vão, em algum momento, retornar à sociedade.
E como vai ser esse retorno?
O tempo na prisão segue correndo, a limitação prevista é a de espaço. Mas, nos moldes de hoje em dia, as pessoas saem de lá com tempo defasado.
O nosso plano é oferecer aos detentos uma chance de encontrar um mundo para o qual eles estejam preparados.
Em 2020, inauguramos uma célula de produção na Penitenciária masculina Professor Ariosvaldo Campos Pires, em Juiz de Fora.
Através do trabalho, os presos têm a possibilidade de ressocialização, retomada da autoestima e de um monte de sentimentos bacanas que ficam comprometidos pela situação de cárcere.
Cada 3 dias trabalhados na penitenciária correspondem a 1 dia de remição da pena. Além disso, o salário que os funcionários ganham pelo trabalho é dividido em 3 percentuais:
- 25% são destinados à conta pecúlio (uma espécie de conta-poupança judicial acessada quando ganharem a liberdade)
- 50% são destinados à assistência familiar ou pessoal (diminuindo os impactos causados pela ausência de um provedor da família)
- 25% ficam com o Estado
Mais do que ensinar um novo ofício, queremos oferecer dignidade para quem agora faz parte da nossa equipe. E nossa mirada é no futuro: estamos de braços abertos para recebê-los quando conquistarem a sua liberdade.
E já temos funcionários que começaram na penitenciária trabalhando com a gente do lado de fora:
Hoje, boa parte de nossas camisetas é produzida dentro de uma unidade prisional. Afinal, acreditamos que elas mudam o mundo ;)
Conheça mais sobre o projeto: acesse a página Camisetas Mudam o Mundo!