Se eu tivesse que contar pra alguém como foi a cerimônia de entrega dos gramofones mais valiosos da música, no último domingo 08/02, poderia simplesmente dizer:
– Sam Smith é O sortudo do ano;
– Kanye West continua muito chato;
– Coitada da Katy Perry, vai ser meme de novo;
– Pharrell é o cara;
– Beck is back!
Mas ainda assim, o prêmio mais famoso do mainstream sempre guarda surpresas memoráveis e situações constrangedoras que (mesmo indo até de madrugada) valem ser assistidas. Confira nossa resenha sobre os pontos altos e baixos da noite.
Vamos falar de coisa boa? Muito além da música, a experiência de segunda tela nas últimas premiações (Oscar, Emmy, PCA) se tornou uma verdadeira geradora de memes que a internet não perdoa. Por isso resolvi começar o post com esta imagem. Madonna sempre arruma um jeito de sair por cima, né? Mas dessa vez ficou parecendo aquelas máquinas de resgatar bichinho de pelúcia.
Falando em mulher bonita, a noite também teve Beyoncé super delícia charmosa levando mais um troféu de ouro (que vale mais do que dinheiro) pra casa.
Outra que mereceu destaque foi a SENHORA Gwen Stefani (sim, essa mulher maravilhosa tem 45 anos) marcando presença, mais pela beleza (quase uma pinup à la Marilyn Monroe) do que pela voz, numa performance morna ao lado do companheiro de The Voice, Adam Levine.
Teve Lady Gaga e Tony Bennett em clima de standard jazz, com a classuda Cheek to Cheek. E Paul McCartney se divertindo, dançando sozinho quando todos estavam sentados (ah, ele pode, vai!), depois percebendo que estava na frente da câmera e sentando de volta.
Mas para mim, o momento alto da noite foi a apresentação do Ed Sheeran (que eu nem curto tanto) acompanhado pelos gigantes John Mayer na guitarra, Questlove na bateria e o LENDÁRIO Herbie Hancock no piano. Destaque para a sintonia dos músicos no palco e a perfeita harmonização vocal.
Tenho a impressão de que Kanye West é um dos artistas mais overrated dos últimos tempos. Não sei se é porque estamos tão acostumados a esperar muito pouco da música pop que quando alguém faz algo diferente todo mundo sai babando.
Mas por favor, não vejo nada de revolucionário no trabalho do marido da Kim Kardashian. Já escutei “trocentas” músicas dele e nenhuma me pareceu genial. Você (que está lendo) pode até discordar disso (e eu gostaria, de verdade, que alguém me provasse que estou falando besteira), mas minha impressão é que se o Kanye peidar ele ganha mais um Grammy. O cara tem 57 indicações em menos de 5 anos. Sua performance rodeando um canhão de luz no chão deixou a desejar e mais parecia aquela música auto-tunada da Cher: “Do you beliuiueve in life after love?”
Outra nota mental que fiz, desta vez positiva, é que não importa quantos anos Beck fique sem lançar um disco, ele sempre vai surpreender. O mesmo aconteceu com Sam Smith que levou, merecidamente, quatro gramofones para casa em seu disco de estreia.
Sobre Happy, uma verdade: a gente pode até estar de saco cheio de tantas vezes que essa música toca todo dia, mas isso só prova que Pharrell Williams é um gênio que possui a fórmula mágica para produzir um hit. E só ele sabe se reinventar tocando a mesma música com uma roupagem completamente diferente e ainda assim parecer novo em folha. Vestido como o “Lobby Boy” do filme O Grande Hotel Budapeste, ele apresentou uma versão assustadora de “Happy” com a ajuda de Lang Lang e Hans Zimmer. Em um ponto porém, Pharrell e seus dançarinos, vestidos com moletons, ergueram as mãos numa bela referência ao recente protesto “Hands Up Do not Shoot“. Eu curti!
Pra fechar a noite em alta voltagem, nem o vestido umbrella da Rihanna conseguiu segurar o balde de brita que o AC/DC jogou na plateia. A performance fantástica de Angus Young prova que, apesar de dinossauro, o rock precisa voltar urgentemente para o colegial.