Shang-chi e a Lenda dos Dez Anéis
É isso, Marvel! Já que vai apresentar um personagem desconhecido, é melhor ganhar o público com aceleradíssimas cenas de ação, logo nos primeiros minutos de filme. Misturando Avatar, O Tigre e o Dragão e Pokemon... O herói Shang-chi oferece uma boa carta de intenções, candidatando-se à vaga de algum Vingador aposentado. No mais, link com Homem de Ferro, Wong e Hulk convidando Shang-chi para a nova fase da Marvel e uns demônios sugadores de alma voando por aí.
Viúva Negra
Antes de mais nada, Viúva Negra é um ótimo entretenimento! Porém, desde que a Marvel cravou um padrão para as produções de super-heróis... É difícil surpreender-se com subprodutos dos Vingadores. Sub não numa vibe pejorativa. E sim referindo-se às ramificações do passado, presente e futuro, tendo Vingadores Ultimato como marco temporal zero. Falamos das séries: Falcão e o Soldado Invernal, que é ótima, principalmente quando discute racismo e xenofobia. Mas nem por isso deixa de seguir o padrãozinho. E tem LOKI, que entrega uma premissa genial, mas derrapa feio ao ousar sair do gabarito Marvel. Destes, separamos Wanda e Visão, cujo roteiro é muy fora da curva, porém foi super bem recepcionada (e ainda tenho que ver Gavião Arqueiro!). Em Viúva Negra “O Filme”... Voltamos ao lugar comum: porradaria classe A, efeitos sensacionais (que nas séries estão aquém), humor no autoesculacho (com a irmã de Natasha Romanoff tirando sarro de suas poses forçadas), além da costumeira caricatura dos vilões/heróis soviéticos - sempre retratados como alcoólatras inconsequentes. Singular em Viúva... Só mesmo a tentativa de amenizar anos de hipersexualização da personagem de Scarlett Johansson - deturpando inclusive sua personalidade oriunda das HQs. Isso sim deveria ser um “padrão Marvel”.
Irmão do Jorel
“Mingau de aveia faz bem pro intestino e... Ajuda a fazer cocô bunito. Come mingau de aveia, come, bein! Faz cocô bunito!”. A sabedoria popular de Vovó Juju - a senhorinha mais fofa dos cartoons - abre portas para caminhos sem volta: Irmão do Jorel é um vício! Basicamente o desenho é sobre... As desventuras de um garotinho, usando pano de fundo cômico e nonsense, suavizando suas dificuldades de relacionamento. É identificação garantida pra marmanjos como eu, que desfilavam no jardim de infância com galochinhas de plástico machucando a canela. Esclarecendo: irmão do Jorel é irmão do Jorel, e ninguém sabe seu verdadeiro nome. A saga do moleque por aceitação, às sombras do irmão famosinho, é engraçadíssima. Porém quem rouba os louros é mesmo Vovó Juju “e seus abacates”, lançando pérolas despropositadas do tipo: “Ninja só faz baderna!”; “Isso aí é escola do crime!”; “Já lavou o Zezinho, bein? Tem que lavar o Zezinho!”. Para os não iniciados, vá ao episódio 11, da 2º temporada, onde Vovó trava batalha de rimas com Cassius Clayton, dublado pelo rapper Emicida. “E antes de mais nada, vou te dar um recado: você é um menino muitooo malcriado... YO, MC Juju!”.
De Volta para o Futuro (Trilogia)
Aceita-se pedras! O “entendedor” aqui dos 80/90’s ainda não tinha visto De Volta para o Futuro (só trechos). Pandemicamente fechada a trilogia, contradigo os puristas: há sim boas sequências para clássicos. De trás pra frente, o que não avacalha a doidivana linha temporal de Marty Mcfly... A parte 3 (90) é a “menos melhor”, ousando ao ambientar-se no amado Velho Oeste de Doc. Brown. Mas nem de longe é uma continuação caça-níquel, entregando efeitos especiais mais robustos, já que dista cinco anos do original (85). A parte 2 (89) é perspicaz ao revisitar cenas-chave do primeiro longa: continua takes do ponto exato onde terminam na parte 1; repete tomadas do primogênito por outros ângulos/pontos de vista; remodela a trama pela ótica dos personagens secundários. Sobre o original: num tenho nada a dizer, que já não saibam! Apenas que desde ontem, quando enfim o vi, estou morando em Hill Valley. Ou “desde amanhã estou morando”?!?
Sobre o metido a resenhista: nascido na mitológica Caratinga (MG), Tiago Santos-Vieira fez voto de pobreza ao optar pelo Jornalismo (UFJF). Da miséria, passou à escravidão voluntária, trabalhando com periódicos em São Paulo (chegando a morar em um MOTEL). Foi um rasgo temporal produtivo, com publicações nas revistas Rolling Stone, Trip/TPM, Riders e no Diário de Guarulhos. Fechado esse ciclo, voltou à Terra do Nunca, vulgo Caratinga, passando uma temporada trancafiado num quarto escuro. Quando viu a luz, fora aprovado em um concurso público e estava grávido de um livro. Foi então morar em Brasília, onde, após sanguinolenta gestação, pariu o suspense Elos do Mau Agouro. Torna agora a Minas, publicando o infantil As Aventuras do Super Careca e o suspense Dança das Bestas. Siga o Autor: @santosvieiratiago