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Assistidos #9

A temporada final de La Casa de Papel tá vindo aí! Enquanto aguarda, o escritor Tiago Santos-Vieira deixou suas impressões sobre a série e também sobre o documentário Três Estranhos Idênticos e os filmes A Guerra do Amanhã e Beckett.


• 3 mins de leitura
Assistidos #9

La Casa de Papel (Última Temporada - Volume 1)

Affff, mais uma temporada. Chegaaa! Fim do 5º episódio da Last Season/Volume 1... E eu tô como: “Haaaá mano, que coisa mais linda (pausa pra enxugar uma lágrima). Poxa, sério que o Volume 2 só chega em dezembro?”. É sempre mais do mesmo. Então por que nos encanta tanto? Talvez por ser falado em espanhol, havendo natural afinidade com o português. Ou pelos diálogos novelescos, num espectro entre Avenida Brasil e Maria do Bairro. Ou pelas situações atípicas em que tais diálogos acontecem, geralmente acompanhados por saraivada de balas. Aditivaria ainda o feitiço com as discussões pertinentes que a série levanta, tangendo: gênero, racismo, homofobia, xenofobia, machismo etc. No mais, o nível do tiro, porrada e bomba subiu nesta reta final, levando a crer que os produtores “abriram os cofres da Netflix” (entendeu a piada? Hein?) - e antevejo spin-offs com nomes de cidades famosinhas. Agora dá licença, preciso concentrar... E parar de hablar o portuñol selvagem que me toma ao término dos episódios. Cojones!!!

Três Estranhos Idênticos

O que disser ser capaz o Homo sapiens... Eu acredito! Inclusive das maiores malfazejas. Confiava que tais práticas foram esgotadas no Terceiro Reich. E fundindo os neurônios para não dar spoiler, pergunto: nas suas viagens, entorpecidas ou não, já imaginou que poderia ter um gêmeo seu vagando por aí? Sei lá... Que talvez tu fosse adotado, separado de um irmão univitelino e entregue a outra família num raio de 150 km. E se elevássemos ao cubo, com trigêmeos encontrando-se por acaso nos Estados Unidos...? Viralizando a história nos anos 80, a ponto dos irmãos lotarem um ginásio num programa de TV e participarem de um filme da Madonna (Procura-se Susan Desesperadamente). Paremos por aqui, sem estragar o desfecho do documentário: tão macabro quanto os experimentos de Joseph Mengele.

A Guerra do Amanhã

Cheguei meio receoso, por ser um tiro, porrada e bomba futurista. Fui cheio de dedos e... Quase perdi as falanges nas mandíbulas dos Garras Brancas. Um bom entretenimento, inclusive preocupando-se com a paleta de cores e, para arrebatar os cinéfilos malas: tem uma menção “helicópterística” a Apocalypse Now (mas sem a Cavalgada das Valquírias). Geralmente, criaturas alienígenas comedoras de gente são inseridas em cenários escuros, pra dar aquela tapeada nos efeitos visuais. Guerra do Amanhã ousa ao colocar os bichão no sol do meio dia, fundindo-os bem no cenário urbano apocalíptico - dando uma canseira em Chris Pratt que, ad aeternum, será o Quill de Guardiões da Galáxia. Mentiroso no filme... Só o recorte de uma festa, onde os presentes assistem a uma vindoura Copa do Mundo, com o Brasil na final. Aí forçou, né?!

Beckett

Temos ali a vibe 70’s do suspense policial conspiratório. Assim como a desglamourização da “Grécia destino turístico dos sonhos”, expondo suas periferias, o desarranjo econômico e seus conflitos sociais. Há também a visceralização do filme de ação, mostrando como realmente machuca uma porradaria no metrô, um acidente de carro ou despencar barranco abaixo. John David Washington, filho do Denzel, está bem como o herói acometido pela síndrome do pânico - sem nada a perder após uma tragédia pessoal. Mas num sei, algo não encaixou. Faltou aquele punch Duro de Matar, ou diminuir as reviravoltas “político-verbais”. E sim, confesso: sofro com irreparáveis sequelas roliúdiânas.


Sobre o metido a resenhista: nascido na mitológica Caratinga (MG), Tiago Santos-Vieira fez voto de pobreza ao optar pelo Jornalismo (UFJF). Da miséria, passou à escravidão voluntária, trabalhando com periódicos em São Paulo (chegando a morar em um MOTEL). Foi um rasgo temporal produtivo, com publicações nas revistas Rolling Stone, Trip/TPM, Riders e no Diário de Guarulhos. Fechado esse ciclo, voltou à Terra do Nunca, vulgo Caratinga, passando uma temporada trancafiado num quarto escuro. Quando viu a luz, fora aprovado em um concurso público e estava grávido de um livro. Foi então morar em Brasília, onde, após sanguinolenta gestação, pariu o suspense Elos do Mau Agouro. Torna agora a Minas, publicando o infantil As Aventuras do Super Careca e o suspense Dança das Bestas. Siga o Autor: @santosvieiratiago


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assistidos, cinema, filmes, séries, tiago santos-vieira


Escrito por

Tiago Santos-Vieira

Escritor e jornalista; é autor dos livros Dança das Bestas, Elos do Mau Agouro e As Aventuras do Super Careca. Foi colaborador das revistas Rolling Stone, Trip/TPM e é brother da Chico Rei.