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Assistidos #11

No fim de novembro, Tiago escreveu para o blog da Chico na expectativa pelo final de La Casa de Papel. Hoje ele conta o que achou da última parte da série! Além disso, na sessão de hoje: A Pé Ele Não Vai Longe, Rua do Medo e Céu Vermelho-Sangue!


• 3 mins de leitura
Assistidos #11

La Casa de Papel (Última Temporada - Volume 2)

Vai, reclama agora que terminou de vez! Fala que La Casa de Papel deveria ter acabado há tempos e blablablá. Seu desejo foi realizado, já era. Sobre os episódios que compõem o Volume 2 do fim... Nenhum impacto! O desfecho era antevisto, com o carinho dos fãs fazendo vista grossa à falta de surpresas (porém nem o tiete mais xiita deixou passar batido aquele sambinha de gosto duvidoso, em meio à fundição de ouro). Pra quem não aceitou o fim, há no streaming um documentário de bastidores bônus. É interessante ver os atores despidos dos personagens, lendo os roteiros em bares, no quintal de casa etc. O doc. mostra ainda o quão estressante é fazer as sequências de ação, que neste fechamento da série atingiram um nível altíssimo de produção - reforçando o que já é sabido: um blockbuster não precisa ser falado em inglês e... ¡No me toques los cojones!

A Pé ele não Vai Longe

Das coisas mais delicadas e viscerais para assistir nestes tempos estranhos. Joaquin Phoenix, mutante por essência, virado no cartunista John Callahan - literalmente acelerando sua cadeira de rodas, numa história de superação. De alcoólatra perdido, atormentado pelo abandono dos pais... Até um dos artistas mais brilhantes das gazetas, redescobrindo-se no autoesculacho, após um acidente que o levou à paraplegia - a dificuldade motora entortou seus traços, porém não seu humor. E tome no elenco: Jonah Hill, excelente como um guru do A.A; Jack Black, felizmente não sendo Jack Black; e Kim Gordon/Sonic Youth dando uma “palinha”. Atentem-se para o easter egg de Mid90s. Tamanha loucura transmutada em lucidez! Callahan está para Hunter Thompson, assim como Joaquin está para a sensibilidade do diretor Gus Van Sant.

Rua do Medo

A protagonista olha para sua namorada e diz: “Quando tudo acabar, pegamos uns cheeseburgers, saímos por aí dirigindo, ouvindo Pixies e... Damos uns beijos”. De cara já ganhou meu coração; por trás de uma aclichêtada trama de terror, temos muitas pautas contemporâneas em discussão. Sem contar a maldade com quem vos escreve: uma trilha cheia de Oasis, Nirvana, Radiohead e, claro, Pixies. Isso na Parte 1 do filme, intitulada “1994” por motivos óbvios. As Partes 2 e 3, respectivamente “1978” e “1666”, tem menor grandeza, mas são honestas com a coleção de livros homônimos em que se baseiam. A obra de R. L. Stine varreu todo os anos 90, causando-me melancolia por não tê-la lido na década certa - além daquele estranho saudosismo de uma época em que não se viveu. Eita, esqueci, vivi sim intensamente a infância e a adolescência nos 90’s. Recalquem-se, não me importo!

Céu Vermelho-Sangue

Haaaaá gente, a premissa era tão interessante: revisitar um assunto chavão, tratando-o como enfermidade curável. Mesmo usando outra pauta desgastadíssima nas telas, sequestro de aviões... Estava indo num bom caminho, até degringolar e revelar o enigma de cara - numa sequência de flashbacks dispensável. Eu, por produzir filmetes mentais transpostos ao papel, tenho mania de re-roteirizar as produções que desgosto. E morro de ódio/recalque quando desperdiçam tempo/dinheiro executando mal uma ótima ideia. Em Céu Vermelho-Sangue, seguraria o espectador, mantendo o clichê como doença até a revelação final. De resto, sempre bato palmas para o horror extra-roliúdi, e este alemão cita Nosferatu nas makes. Ops, falei demais...


Sobre o metido a resenhista: nascido na mitológica Caratinga (MG), Tiago Santos-Vieira fez voto de pobreza ao optar pelo Jornalismo (UFJF). Da miséria, passou à escravidão voluntária, trabalhando com periódicos em São Paulo (chegando a morar em um MOTEL). Foi um rasgo temporal produtivo, com publicações nas revistas Rolling Stone, Trip/TPM, Riders e no Diário de Guarulhos. Fechado esse ciclo, voltou à Terra do Nunca, vulgo Caratinga, passando uma temporada trancafiado num quarto escuro. Quando viu a luz, fora aprovado em um concurso público e estava grávido de um livro. Foi então morar em Brasília, onde, após sanguinolenta gestação, pariu o suspense Elos do Mau Agouro. Torna agora a Minas, publicando o infantil As Aventuras do Super Careca e o suspense Dança das Bestas. Siga o Autor: @santosvieiratiago


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assistidos, cinema, filmes, séries, tiago santos-vieira


Escrito por

Tiago Santos-Vieira

Escritor e jornalista; é autor dos livros Dança das Bestas, Elos do Mau Agouro e As Aventuras do Super Careca. Foi colaborador das revistas Rolling Stone, Trip/TPM e é brother da Chico Rei.